quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Táxis: os nossos amigos

Hoje vou falar de números importantes e mal explorados pela comunicação e publicidade.
Tudo porque li na “Meios e Publicidade” que uma nova empresa faria uma parceria com 350 viaturas da Teletáxis, dirigida pelo sempre simpático Ernesto Castanheira. Por achar positiva a iniciativa, apesar de não ser original, deixo números para ajudar a perceber esta indústria.

.Em Lisboa, só aqui, existem 3560 táxis licenciados.

.Vamos multiplicar por 20 passageiros dia/média de cada viatura e temos mais de 70 mil passageiros por dia (contas minhas, porque as da ANTRAL – bem dirigida por Florêncio de Almeida, diga-se - a maior associação do sector, até são superiores).

.Multiplicamos 70 mil/dia por 30 dias do mês e temos mais de 2 milhões de utilizadores.

.Multiplicamos por 12 meses do ano e temos mais de 24 milhões de pessoas a andar de táxi.

Números muito interessantes – contabilizados por mim, portanto, não são definitivos – e que são informação para o mercado. Na área da comunicação política, como muitos sabem, esta indústria foi sempre prioridade para mim. Por causa do “buzz”. Andem de táxi e percebem…

Mantenho excelentes relações com o sector, mas este ramo de actividade tem um problema. Precisa de muito trabalho para se tornar sexy. Daí que as receitas de publicidade dos táxis são mínimas e dão trabalho. E a comunicação e a publicidade, no meu entender, estão distraídas.
Mas com estes números, os táxis só podem ser nossos amigos.

And the winner is…

É já amanhã que estreia, em 55 salas do país, o tão anunciado filme de João Botelho, Corrupção. Ficção inspirada no livro “Eu Carolina” este filme português é já vencedor no número de cópias registadas e irá passar em mais salas que êxitos internacionais como Harry Potter ou O Código de Da Vinci

Com toda a polémica envolta na rodagem e pré-lançamento do filme, não há quem não tenha ouvido falar nele.

O filme conta o envolvimento sentimental, e não só, de um presidente de um clube de futebol e de uma mulher, mas o seu realizador desmente ter querido estabelecer quaisquer relações com Pinto da Costa e a sua ex-namorada, Carolina Salgado.

«Escrevemos uma história que tem um bocado do livro e outro que não tem nada. O cinema é mentira, nunca é verdade. Não morre ninguém, só nos filmes porno é que se faz sexo, o resto é tudo a fingir. O que é verdade é a relação de um filme com os espectadores», salienta o cineasta numa das muitas entrevistas que deu.

Verdade ou não, este filme aparece no ano certo. 2007 é sem dúvida o ano da Corrupção em Portugal. E tem o mérito de trazer para a agenda este tema, que até ao final do ano ainda dará muito que falar.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

É GOOOOOOOOOOOOOOLOOO!

No Sinos deste ano só (!) 92 trabalhos foram premiados. Concorreram 71 agências, com 659 trabalhos (mais detalhes na Briefing). Como previ, depois de apurado estudo de probabilidades (ver post), a Golo Publicidade arrecadou pelo menos um prémio.

Tudo menos ateu

A religião, foco de tensão em muitos pontos do globo, é o que mais ordena. Desengane-se quem pense que ser homossexual é a grande desvantagem para ser eleito nos Estados Unidos. Neste país, pior do que ser candidato gay é ser candidato ateu. Segundo um estudo da Gallup, feito em 1999, conclui-se que o estatuto dos ateus é hoje igual ao dos homossexuais no final dos anos 50.

Na sondagem efectuada perguntava-se aos americanos se votariam numa pessoa bem habilitada:

- se fosse mulher: 95% responderam sim;
- se fosse católica: 94%;
- se fosse judia: 92%;
- se fosse negra: 92%;
- se fosse mórmon: 79%;
- se fosse homossexual: 79%;
- se fosse ateia: 49%.

Na corrida de 2009 à Casa Branca não há nenhum candidato agnóstico ou ateu. Três “urras” à tolerância religiosa do país mais beato da Cristandade.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Saber sair

Em todos os palcos da vida, as grandes personagens sabem sair.
Joaquim Chissano acaba de receber milhões de dólares de prémio por ter, ao contrário dos artistas da rapinagem e déspotas africanos, encontrado o seu caminho longe do poder executivo em Moçambique.
Este domingo, ao ler os jornais espanhóis, vi três figuras que durante a vida aprendi a respeitar. Pascuall Maragall, um dos homens que ajudou a marca Barcelona a ser o que é, retirou-se – com muita coragem – da vida política para travar o seu último combate: contra o Alzheimer.
No suplemento económico do “ABC”, vi um “príncipe” cultíssimo, mais vezes conhecido por ser casado com Isabel Preysler, a ex-de Júlio Iglésias, Miguel Boyer. Um ex-ministro da Economia, na época áurea de Felipe González, que quando lhe perguntavam quais os desportos que praticava respondia: “ler e nadar no Verão”. E que recordava uma máxima, do seu tempo de acção política, que ouvia de González, mas era de Olof Palme: “dá sempre 90% de razão ao teu ministro da Economia – quando ele é bom – os outros 10% dá ao da Justiça”.
E, por último, uma figura carismática da Nova Espanha, um ícone do sucesso e da explosão da força empresarial espanhola: Mário Conde. Fez capa do “El Mundo”, numa imagem trágica, magro, rosto sulcado pelas rugas, cabelo branco, bem longe do vendedor de sonhos, de gravata com a tromba de elefantes levantada – que lhe dava sorte – que marcou uma era e um grupo poderoso em Espanha. Conde foi uma espécie de Mourinho espanhol, bajulado por toda a elite empresarial e política.
Saiu de cena há uns anos, depois de passar por uma cela, hoje, é um homem só e perdeu o seu último baluarte: a sua mulher.
Três imagens fantásticas de quem (em dois casos) soube sair com honra, deixando saudades. À sua maneira ficarão na história.
Por isso, fica uma dúvida: quem está a fabricar a queda de um ícone, a destruição de um caso de sucesso como o BCP? E o que impede Jardim Gonçalves e o seu clã de abandonar uma instituição que hoje perdeu toda a credibilidade da sua marca? Não há honra nem vergonha?

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Mexe mas não dobra

Há regras de base na boa comunicação: a coerência é uma delas.

Os pais de Maddie McCann seguem à risca o que dizem os seus especialistas de comunicação, a julgar por entrevistas suas no passado e também pelas mais recentes.

Dois dados novos para analisar:

- Kate chorou pela primeira vez em público na última entrevista, a uma tv espanhola. Foi genuíno ou alguém lhe disse para chorar? Se foi genuínio ninguém vai compreender porquê só agora, se foi a conselho de alguém cometeu um erro grosseiro. O sentimento será sempre: "agora já chora"; "agora que é suspeita já chora".

- "Se eu fosse mais gorda e tivesse mais peito, as pessoas seriam mais simpáticas comigo". É verdade. A expressão fria da cara de Katie não a ajuda. Mas pode ser uma característica sua genuína. A magreza e ausência de formas redondas, essas, são seguramente genuínas. Não se entende é o alcance das suas palavras, papagueadas de um consultor de comunicação.

Esperamos não ter que ver Kate amanhã, com dez quilos mais, e com duas copas de soutien acima. Na comunicação a cintura mexe, mas a espinha não dobra.

Informa Miguel

É engraçado ver outro grande contestatário dos influenciadores, informadores e desinformadores a seguir a infame estratégia dos acusados.

Fiquei atónito. Será este o mesmo Miguel Sousa Tavares? Aquele que dá entrevistas para apresentar o seu novo bestseller? O autor de Rio das Flores, a história inspirada no bisavô do piloto da TAP? O que só deixou seis pessoas lerem o livro? O escritor que vai fazer a pré-publicação de trechos no gratuito Global Notícias?

A isto chamo estratégia mediática. Por sinal, bem traçada.

Desinforma Pacheco

Na terça escrevi que tinham ficado dois temas para comentar enquanto estive fora. O primeiro retratei no post Quem tramou Rogério Alves?. O outro segue agora.

Escreveu Pacheco Pereira, na Sábado da passada semana, que a partir de agora uma agência de comunicação instalou-se na Comissão Política do PSD, para influenciar e desinformar.

Não sou nada corporativo, pelo que não vou aqui assumir as dores dessa agência, tampouco as do sector. Existe (?) uma associação que poderia fazê-lo. Também não vou perder tempo a explicar que para influenciar, informar ou desinformar não é preciso nenhuma agência. Alô? As direcções de comunicação, os gabinetes de Imprensa, os assessores, e muitos outros, menos óbvios, também o podem fazer. Aliás, os líderes de opinião como Pacheco Pereira fazem-no. Todas as semanas.

Em nome de uma sociedade menos diabolizada, proponho que na revisão constitucional de Menezes se acabem com consultores de comunicação, advogados, conselheiros, marketeers, financeiros, médicos e outras profissões nesta linha, como comentadores por exemplo. Todos prescrevem, aconselham, influenciam.

Em nome de um cidadão cristalino. E de uma sociedade mais genuína.

Poupe papel, salve a floresta


Campanha da Saatchi & Saatchi para a WWF. Cortesia da nossa consultora Inês Saraiva.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Iliteracia onde?

Li ontem no Diário Digital e hoje a notícia aparece na Briefing:

Um estudo realizado pelo Observatório das Actividades Culturais, e apresentado ontem na conferência do Plano Nacional de Leitura, conclui que 8 em cada 10 portugueses lêem jornais.

Repito: 8 em cada 10.

Acredito que, no que toca a estudos de mercado, temos sempre de fazer uma análise fria e não olhar de modo taxativo e crédulo para os dados apresentados.

Por isso, sim, claro que muitas das respostas dadas foram decerto condicionadas. Quem é que responde de forma totalmente honesta a questões deste foro? Não conheço em pormenor o teor e o formato das perguntas realizadas mas claro que os resultados deste estudo estão de alguma forma enviesados.

Ainda assim, e já com todos estes apartes, os resultados são surpreendentes pela positiva.

Calcula-se que o aumento da leitura destes meios – em dez anos a comunidade de leitores de jornais aumentou 20% - se deva em grande parte ao aumento de títulos de jornais de distribuição gratuita.

As entrevistas (52,4 por cento) e os artigos de opinião (51,7 por cento), estão entre os assuntos preferidos dos portugueses nestes meios.

Há cerca de 9 anos, na faculdade, debatíamos diariamente a tão aclamada Morte anunciada da Imprensa escrita…

Pois.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Quem tramou Rogério Alves?

Quatro dias fora e dois temas que ficaram por comentar. O primeiro dos quais a manchete de ontem do Correio da Manhã. Tinha evitado comentar o caso Maddie McCann até agora, mas a notícia de ontem merece as próximas linhas.

Manchete: McCann investem milhares em imagem

Lead: Advogados portugueses do casal fizeram sondagem ao mercado nacional das agências de comunicação.

A notícia de ontem influencia a opinião pública portuguesa contra os McCann, que supostamente terão convidado (ou sondado) agências para assessorar a sua imagem (a notícia é omissa quanto ao tipo de assessoria que pretendiam).

Vamos deixar de lado o acessório utilizado na história: os 50 mil euros mensais, a sondagem a outras empresas do mercado, o fazer proposta para depois recusar e o factor impeditivo para trabalhar com o caso.*

Da notícia percebe-se que três agentes sabem esta informação - os advogados e as duas agências citadas. E sabe-se que um deles foi a fonte da notícia.

- Os advogados não foram porque a notícia era tudo o que não queriam, o que obrigou Rogério Alves a negar que tenha sido contratada qualquer agência, e mesmo, que não há intenção de o fazer no futuro;

- Restam as duas agências: uma delas colocou a notícia no jornal.


* Falo de acessório do ponto de vista da interpretação dos interesses e motivações, não do ponto de vista mediático. Tomo nota também que alguns dos dados que considero acessórios são falsos e outros verdadeiros.

34 disparos

As agências de publicidade têm a imagem, em especial as que se tentam impôr pela criatividade, assente no ganho de prémios. Daí a corrida desenfreada que se assiste a qualquer concurso, festival ou troféu que mexa.

Ainda na passada sexta-feira, glosei neste nosso blog os prémios que por cá se atribuem (ver post), cujo significado é diminuto.

Fiquei agora a saber, pela Meios & Publicidade, que no Sinos, Festival Internacional de Publicidade em Língua Portuguesa, a portuguesa Partners concorreu com 34 (!) trabalhos, só igualada pela moçambicana Golo Publicidade, já experiente neste certame. Depois delas, a lista é longa, e inclui as principais agências de Lisboa no topo das inscrições.

Já estou a ver a Golo Publicidade, única agência desta ex-colónia a concorrer, a puxar dos galões na próxima estação: "Somos o único grupo de Moçambique premiado na última edição dos Sinos."

Com 34 tiros de caçadeira...alguma rola há-de cair.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Hillary: Lady Macbeth

Qual é o preço do poder para esta mulher? Quanto vale a ambição? Shakespeare foi o melhor psicanalista dos dilemas, dos conflitos internos, das personagens ávidas de poder. Basta ler Macbeth, Rei Lear ou Ricardo III.
Hillary Clinton é a personagem que mais se assemelha a este universo do criador de Romeu e Julieta. Em Macbeth, é a mulher dele que o instiga a cometer o mais vil dos crimes para beber o triunfo do poder. Aliás, Akira Kurosawa quando se inspirou neste drama para fazer um filme genial chamou-lhe o “Trono de sangue”.
Não é que Hillary tenha morto ninguém – pelo menos que se saiba – mas a determinação e o seu sonho de poder levaram-na a engolir uma quantidade de sapos praticamente inimaginável.
Muitos dizem que, actualmente, ela é a mais bem preparada de todos os candidatos à presidência norte-americana. Mas resta saber quão confiável ela é.
Carl Bernstein escolheu-a para a retratar impiedosamente no seu último livro, tal como o desiludido com os Clinton, George Stepanoupoulos já o tinha feito há uns anos atrás.
Hillary sabia tudo. Todos os podres do seu marido Bill. Suportou-os pelo peso de uma ambição. Engoliu Gennifer Flowers, envolveu-se na morte misteriosa de um amigo do casal nos tempos do Arkansas, no caso Whitewater, ouviu Paula Jones, até “limpou” a mancha no vestido azul de Mónica Lewinsky e foi sempre quem controlou subtilmente os fios da marioneta que ela sempre apoiou e ajudou a criar. Bill tocava saxofone e brilhava, Hillary, em silêncio, manipulava.
Bill era simpatia, frivolidade, jovialidade. Hillary era despótica, profissional, gélida.
Bill é adorado na Europa pela esquerda globalizada, mas continua mal visto nos EUA que só lhe perdoarão a desconstrução da Casa Branca pelos seus escândalos sexuais daqui a cem anos.
Hillary, está bem preparada, ninguém lhe pode negar isso, é uma Ségolène com cafeína. Porém, não apaixona. É um produto estilizado, credível enquanto marca, mas é pura razão sem coração. Se eu fosse norte-americano fugia dela…

Vai uma Super Blog?

A maioria dos prémios que por cá se entregam tem pouca expressão e duvidoso interesse. A título de triste exemplo refiro, no sector da Comunicação, os inenarráveis Prisma Awards, dos quais tive o desprazer de participar como júri. Lamentáveis Awards, felizmente já defuntos.

Vem o tema a propósito de mais uns prémios. Falo dos Super Bock Super Blog Awards, recentemente lançados pela marca de cervejas. Diz o site que "todos os anos, os prémios irão reconhecer a autenticidade, a actualidade, a relevância, a interactividade e também a criatividade dos melhores blogs portugueses". Tudo num tom informal e descontraído. Para não ser levado demasiado a sério.

Como a iniciativa é ligeira e despretensiosa decidimos participar. O nosso blog está inscrito nos primeiros Super Bock Super Blog Awards, na categoria de Actualidade, Notícias e Media. No blog, ganhámos o direito de ter na coluna ao lado o selo da SuperBock enquanto durar a votação. Bem jogado, Pires de Lima.

Se gostar do nosso do fundo da Comunicação vote em nós. Se gostar assim-assim, gostar pouco, ou não gostar, comente e diga-nos o que fazemos de errado. Ah.....e vote noutro.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Blog Action Day é hoje

O poder do online aqui. Uma ideia simples - escrever um simples post sobre ambiente (podcasts e vidcasts também aceites) -, difundida a partir de um blog, faz com que 15 mil bloggers escrevam hoje sobre o tema para mais de 12 milhões de pessoas, em todo o mundo.

Fique com o vídeo.

Cortar a direito

As colunas de Altos e Baixos, Para Cima e Para Baixo, Positivo e Negativo, Mais e Menos da semana são sempre espaços de grande leitura.

Das primeiras páginas que procuro no Expresso, quando o abro, é precisamente as que contêm essa coluna, no caderno principal, e depois no de economia. Esta semana, depois de ler a notícia do filho de Jardim (ver post abaixo), saltei para a página seis e fiquei boquiaberto.

Sabemos que para figurar nessa galeria de notáveis, basta por alguma razão, brilhar nessa semana, mesmo que nas outras 51 se cumpram um chorrilho de equívocos. É assim que a coisa funciona, e daí não advém nenhum espanto.

Mas a página seis do Expresso quebrou barreiras. Colocou Mário Lino em alta pela conclusão de 4,3 km de estrada no Eixo Norte-Sul (pelos quais lhe agradeço, já que passarei lá muita vez), o que combina com o que escrevi acima. O desvario vem no remate do texto: "Se for também ele a concluir a CRIL, arrisca-se a ficar na história como o Duarte Pacheco dos tempos modernos".

O quê? Podem repetir? Duarte Pacheco, o célebre ministro das obras públicas e presidente da Câmara de Lisboa, que revolucionou o sistema rodovário nacional? Bem sei que estava submetido ao Governo salazarista (apesar das constrições que isso também lhe provocava) e que a expressão popular "cortar a direito" não só tem assinatura sua como esconde a forma abusiva como se fizeram as expropriações na altura. Mas a obra foi extensa (auto-estradas, aeroporto, Monsanto, Alvalade, IST, telecomunicações, correios, etc.) e ímpar na sociedade da altura (pela inovação e pela dimensão).

Comparar os 4,3 km de estrada de Mário Lino com a obra de Duarte Pacheco é dislate puro.

Encomenda esfriada

A oposição a Jardim não baixa armas no BCP. A vingança dos contestatários, depois da deposição de Teixeira Pinto, serviu-se fria, e por encomenda.

A história tem barbas, mas só surgiu agora, e na maior referência do jornalismo impresso em Portugal. E serve os interesses da oposição na perfeição. Esta lá tudo: benefícios a Filipe por ser filho de Jardim, num processo conduzido pelo escolhido - Filipe Pinhal - e pelo administrador de "mão" - Alípio Dias.

Alguma crítica à manchete do Expresso, do último Sábado? Nenhuma. Era ver nos cafés, os leitores do jornal-que-se-compra-dentro-de-um-saco à procura do caderno Economia.

PS: O Jornal de Negócios dá continuidade ao tema hoje e conta-nos outro eventual perdão a um accionista de referência.

PPS: Eles, os outros, estão organizados.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Marca de morte



Quem está à espera de um texto lúgubre sobre o folhetim mexicano da família Mc Cann, não perca tempo.
Há uns tempos atrás, LPM (Luís Paixão Martins), atento, divulgava no seu blog a melhor campanha de RP em Espanha, no site especializado PR Comunicácion.
Eu atrevo-me a avançar a melhor campanha de assessoria mediática em Espanha. Há umas semanas, foi capa da revista do El Mundo, do suplemento de domingo em papel do “El País” e já tinha passado também pelo “ABC”. Falo do regresso do “matador” José Tomás.

Conjuntura:
.Na altura certa, no topo do “escáláfón” (ranking dos matadores de touros), retirou-se.
.Regressou agora, na menos taurina das cidades espanholas: Barcelona. E a Praça encheu (coisa rara) e saiu em ombros, com orelhas.
.Para “apoderado” (para quem não percebe destas coisas uma espécie de empresário) escolheu um ex-jornalista.
.Nunca abandonou, e nos perfis é sempre figura maior, o seu avô. Que lhe meteu o “bichinho dos touros e do Atlético de Madrid, a sua outra, e única, paixão.
.Tomás já tinha um toureio clássico, de risco, cada passe, um passo para o abismo. A emoção, o perigo constante. Tomás regressa a arriscar ainda mais.

Objectivo
.Torná-lo o quinto dos “evangelistas da tauromaquia”, juntamente com os históricos Joselito, Belmonte, Manolete e Ordoñez.

Estratégia
.Marca de Morte: criação de um mito: “A do toureiro que quer morrer na Praça”
.Criação de um ícone quase místico. Solitário, apegado ao lado patriarcal da família que só tem um pensamento: lidar touros.

Meios
.Perfis pessoais/Fotos artísticas acompanhadas de poesia. Exemplos:
«Para vivir se ve forzado a torear y para no traicionar lo que él entiende por toreo, rayar en lo más alto y ser el quinto evangelista solo tiene un sendero, que es atajo, horóscopo y, quizá, mortaja». Ou:
«Si los pitones no hieren el cuerpo glorioso de Tomás, por qué la carne mortal de este acaba en la enfermeria tan a menudo? Cuando José Tomás torea, el angel de la muerte está en la plaza».
Por tudo isto, a tauromaquia hoje é José Tomás. Praças cheias, sedentas de toureio sério e sempre na esperança de ver o quinto evangelista a perecer onde ele mais amaria: nos cornos do animal que respeita e venera.


PS1: Morreu o Fausto. Morreu um Amigo. Acabaram-se as conversas de política e sobre a Académica no Pedro V.

PS2: Vi com atenção que o meu ex-braço-direito, noutra área da comunicação política, João Reis, foi contratado por uma agência da concorrência. É um bom rapaz, sério e honesto, merece sorte

Cheque em branco: Obama faz flashback

Video que está a abrir o seu website de campanha. Rui Calafate sempre atento.

Quanto vale a música?

Preço do novo álbum dos Radiohead? "It's up to you"..."no really. It's up to you". São os fãs que determinam o preço que querem pagar pelo download do In Rainbows, lançado há dois dias. O preço é propositadamente deixado em branco no site, para cada um de nós preencher.

A estratégia gerou um buzz enorme na indústria discográfica. Já no primeiro dia deste mês, a banda de Tom Yorke tinha surpreendido ao declarar que não tencionava enviar cópias do trabalho à Imprensa antes do lançamento, e que esse lançamento seria logo daí a dez dias. Mais. Seria a própria banda a fazê-lo, sem intermediação de qualquer editora.

Todos estes ingredientes geraram uma histeria online, e milhares de notícias em sites de música e jornais de todo o mundo. A blogosfera foi de tal forma inundade por comentários, que quase podemos imaginar filas e filas de fãs à porta das lojas para comprar o CD dos Radiohead.

Para a indústria, as questões tornam-me mais pertinentes que nunca. De quem é a música? Quanto deve custar? A venda de cd's é mesmo importante para músicos deste calibre?

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Sarko "de gauche"



Esta semana a “Visão” escreve sobre as parecenças entre Sarkozy e Sócrates, um tema sempre interessante. Mas eu, por acaso, já tinha dado a minha contribuição para isso com uma curiosidade.
Em Julho, uma revista generalista, que eu leio há alguns anos, sobre temas africanos, a “Jeune Afrique”, no seu perfil da semana falava, em duas páginas: “Sócrates: Sarkozy de gauche”.
Pelo que sei, o Primeiro-Ministro português, quando soube, teve “mixed-feelings”. Por um lado, é bom ser comparado com o político que mais vai mexer com a Europa nos próximos dez anos. Por outro lado, teve algum cuidado, porque Sako é de uma direita que, por vezes, afronta a esquerda mais conservadora.
No meu entender, José Sócrates, devia ficar satisfeito, sem receios.

Mais do que escrever

Na última semana, a Ana Leal, nossa directora de marketing e RH, sugeriu participarmos no Blog Action Day, ao que anuímos de imediato. A iniciativa consiste na associação de blogs de todo o mundo (já são quase 10.000) para colocar o Ambiente no top-of-mind de toda a gente. Para o fazer, na próxima segunda-feira, cada bloguista colocará um post sobre Ambiente no seu blog. Desta forma, a iniciativa chegará a mais de sete milhões de pessoas. Ser bloguista é muito mais do que escrever. É fazer parte da comunidade.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Notícia do mês: Portugueses preocupados com o paradeiro de ANA MALHOA……

In Diário Digital de hoje

“Palavra «Youtube» destrona «sexo» nas consultas online
Entre Janeiro e Setembro de 2007, a expressão «youtube» foi a mais pesquisada na Internet, por 683 mil portugueses de 4 e mais anos quando navegaram na Internet em suas casas, um valor que representa 22,6% dos cibernautas nacionais. Este valor significa que mais do que um em cada cinco cibernautas faz pesquisas na Internet usando esta expressão (…) A Fnac, a Vodafone e a CP foram assim as empresas mais procuradas na Internet, a que se juntam a TMN (255 mil utilizadores únicos) e a Worten (237 mil utilizadores únicos).
Nos media, a expressão RTP foi a que mais vezes foi digitada na net, por 209 mil utilizadores únicos (19º lugar), seguida de SIC (em 20º com 206 mil utilizadores únicos), TVI (25º, 183 mil), TV Cabo (27º, 173 mil) e Correio Manhã (28º, 172 mil).
Quanto a personalidades, Ana Malhoa foi a mais procurada nos primeiros nove meses de 2007, surgindo na 143ª posição (71 mil cibernautas procuraram o seu nome). Cristiano Ronaldo foi o homem mais procurado na Internet neste período, surgindo na 157ª posição. A expressão Gato Fedorento ocupa a 167ª posição, seguida de Nelly Furtado (192ª) e Shakira (229ª).
10-10-2007 11:42:20”

NOTA – Notícia do Diário Digital de 10-10-2007

Adeus viral

Spot criado pela BBDO para marcar a partida da Optimus.

Alta tensão: Causa-Efeito

Não há qualquer relação causa-efeito entre a contestação dos populares às linhas de muito alta tensão entre Fanhões e Trajouce, que já motivou o desligar do interruptor a mando do Tribunal, e a morte de dois trabalhadores da REN, enquanto reparavam a linha de alta tensão, em Paredes. Mas a infeliz coincidência temporal deste fúnebre acontecimento vai levantar mais poeira mediática sobre os efeitos do transporte de electricidade na saúde humana.

Recados

José Rodrigues dos Santos, em entrevista à Pública, do passado Domingo, voltou a criticar duramente a administração da RTP. Acusa-a de passar recados e ceder a pressões do Governo. De concreto só apresenta o caso da correspondente de Madrid, já reportado em 2004, e então avaliado pela extinta Alta Autoridade para a Comunicação Social. Escolher para o lugar a quarta classificada do concurso é estranho, mas proliferam exempos desses na administração pública e até nalgumas empresas privadas. Não parece um critério saudável, mas o exemplo de Madrid não é suficientemente forte para sustentar uma teoria da conspiração.

A RTP reagiu com abertura de um inquérito ou processo disciplinar, e em causa está já a continuidade do pivô à frente do telejornal no imediato, ficando para mais tarde a decisão de sair ou não da RTP. Eu aposto que José Rodrigues dos Santos não voltará a piscar o olho aos portugueses no canal de sempre.

Apesar de tudo, ingenuamente, Luís Marinho, actual director de informação, acredita que a credibilidade da RTP não está em causa. Na verdade a reputação fica sempre manchada por acusações como esta, provem-se ou não. O caso só não terá mais consequências para a RTP, porque, mesmo depois da Revolução de Abril, são recorrentes as delações sobre a instrumentalização dos canais públicos. Ora mandas tu, ora mando eu. Agora acuso eu, depois acusas tu.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

O Re-Brand de Zapatero



Zapatero era a terceira via num PSOE mergulhado numa crise de míngua de poder, depois dos anos de Aznar (de sorte) em Espanha.
Ninguém acreditava em Zapatero quando se lançou para a liderança, também não tinha apoios nem de barões nem de baronetes. O PSOE foi surpreendido.
Depois, era preciso surpreender Espanha, e os marqueteiros (gosto de dizer à brasileira, porque é uma boa escola) criam ZP. Não o homem, mas o conceito. Jovem, dinâmico, moderno, arejado. Uma sigla, quase tirada da banda desenhada (lembro-me sempre do Z de Zorglub do Spirou) que cativou os espanhóis, muito também ajudado pelos erros do PP no combate ao terrorismo.
Este domingo o “El Mundo” divulgava em primeira página que o PSOE mandou mudar o ZP. Agora Zapatero “já não é esse conceito”. É um “estadista que cumpre”, será o seu re-brand.
Por sinal, o “El Mundo”, o jornal mais próximo do PP, de imediato, mostrava o que não cumpriu. Salientando que, numa legislatura, Zapatero nunca conseguiu um encontro com Bush e que o que o PSOE pretende desta campanha de marketing e relações públicas é a “amnésia colectiva”.
Da minha parte acho que, para as próximas legislativas espanholas, Zapatero tem um trunfo: Mariano Rajoy. O mais fraco líder possível do PP. Se fosse Alberto Ruiz Gallardon ou Rodrigo Rato, nem o ZP o salvava…

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Oje: há vida para além do papel


O jornal Oje, gratuito de economia, já distribui diariamente mais de 25 mil exemplares, nas principais empresas portuguesas (cerca de 1.100 directamente). O jornal faz sobretudo agenda e mais do que roubar leitores ao Diário Económico e ao Jornal de Negócios acrescentou. Foi buscar uma outra franja de leitores - middle management - que não tinha por hábito comprar um meio económico todos os dias.

O Oje faz bem agenda, Álvaro Mendonça é uma boa escolha para director, o modelo de distribuição favorece os resultados operacionais porque diminui a intermediação, a exploração de espaços publicitários tem sido feita com imaginação, os colunistas são bons - à cabeça de todos a escrita de Jorge Fiel. Mas é preciso ser mais forte na Net - há espaço para criar concorrência ao Negocios.pt, embora ninguém o tenha conseguido até agora -, é fundamental mais publicidade - mas quem não precisa? -, e mais notoriedade. Pelo caminho editorial que escolheu, acho que a força do produto não se fará pelas notícias próprias.

O jornal prepara-se agora para explorar novas plataformas como televisão pela Net e, possivelmente, novos conteúdos. Vamos ver de que forma: se em parceria, ou se tomando ou cruzando participações com outras empresas.

Dois dados importantes a ter em conta neste projecto: a estrutura accionista é dominada por um fundo de capital de risco, que por definição é volátil, e o administrador Tiago Cortez, ligado a vários projectos editoriais inovadores - sobretudo o lançamento do Oje e do Negocios.pt, este com José Diogo Madeira - e com bons retornos para os accionistas (venda do Jornal de Negócios/Negocios.pt à Cofina e venda da sua parte da Prémio a António Cunha Vaz).

Numa Xbox perto de si

Este ano, o maior blockbuster não foi realizado pelos estúdios de Hollywood. Halo 3 é o nome do novissímo jogo da Xbox 360 e facturou 170 milhões de dólares no dia da sua estreia, nos Estados Unidos. O jogo para a consola da Microsoft bateu o terceiro filme de Spiderman, que conseguiu "só" 104 milhões no primeiro dia nas salas. O merchadising à volta dos jogos, as banda sonoras (Lenny Kravitz participou), o cross-selling com outros Media (Halo, the Movie em produção) e o lançamento na Net, com grande burburinho à volta do capítulo que fecha a triologia assemelha cada vez mais a indústria dos jogos ao fenómeno cinematográfico. Para já, Master Chief mais popular que Spidey.

PS: Para os menos familiarizados: Master Chief = personagem principal de Halo.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Jornalistas, Padres e Médicos

Não me considero de todo close minded.

E quanto ao tema dos jornalistas assumirem quaisquer outras tarefas profissionais que lhes dêem gozo e tragam um maior conforto para a sua vida privada, nada contra. Desde que não colidam com os códigos deontológicos vigentes, é seguir em frente.

Toda a gente sabe que em Portugal, na generalidade, o jornalismo é mal pago. E há rendas para pagar, a escola dos miúdos, a gasolina, as jantaradas, etc.. Há que fazer pela vida.

Mas…

Apesar do Jornalista começar agora, pouco a pouco, a ser questionado pelo comum dos mortais - já não se assiste ao Ámen da humanidade perante o que O Jornalista diz nos Telejornais – este continua ainda a ter um Poder quase inigualável.

Até prova em contrário o que o Jornalista diz no “ar” é verdade. E mesmo após prova em contrário, o que está dito, dito está.

Esta classe profissional tem de facto O Poder. E Pode fazer a diferença.

Visto isto, se por um lado considero positiva esta humanização do Jornalista a que assistimos hoje, e que O torna cada vez mais mortal. Seja por alguns deles aparecerem como júri em programas de entretenimento de gosto duvidoso, outros por serem apanhados frequentemente pelos paparazzi em figuras que valha-me Deus, ou até por escreverem livros que não dignificam nenhuma classe quanto mais a sua. Por outro lado, tenho consciência de que, por mais que o Mundo mude, vamos continuar a acreditar quase piamente no Jornalista, no Padre e nos Senhores Doutores.

Por isso, façam por não descer à Terra!! E continuem a vossa missão!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

PSD/Ultimatum

Quais os passos que Menezes precisa dar para ser feliz:
.Menezes precisa de um “Re-Brand” (porque esta campanha em nada o valorizou, só prejudicou com a baixaria em que se deixou envolver)
.Tem dois anos para mostrar que é mais afável que Sócrates (porque esse, se houver cansaço, é o ponto fraco de Sócrates. A sua teimosia e por vezes crispação)
.Dar o abraço do urso aos que abomina no PSD – mas sempre com um sorriso (a desculpa fantástica é a união do partido)
.Ganhar credibilidade (e ainda perdeu mais do que tinha antes da campanha, para os mais críticos)
.Ter nomes fortes ao seu lado (vai ter que pescar, com um engodo apetecível, figuras que não estiveram ao seu lado na campanha)
.Precisa de mais profissionais de comunicação e marketing competentes e com currículo (o regresso à primeira linha do Pedro Fonseca é uma evidência desta campanha, Menezes sabe bem do que eu falo, e vê-se no PSD/Supremacia, em baixo)
.Solidez nas suas opções e poucas hesitações (que é um ponto fraco que lhe apontam, a sua falta de coerência)
.No início do próximo ano, grande campanha nacional de lançamento da sua imagem (há muitos portugueses que ainda não sabem muito bem quem é Menezes. Campanha nacional de outdoors, acompanhada de perfis pessoais nas revistas dos jornais de referência e acções populares nos jornais populares).
PSD COM ALMA (para fragilizar a imagem forte de Sócrates e criar subliminarmente a ideia de que Sócrates é arrogante, demasiado arrogante, e o que falta é ALMA na governação. Mas isso era só um primeiro passo, o resto não digo porque não trabalho de borla…) Estes mandamentos devem ser fundamentais.

PSD/Supremacia

Foi Mendes que perdeu. É uma velha lei da política, quem tem o poder é que o perde, nunca é a oposição que o ganha. Analisemos a comunicação em que aprendi que, na política, mais do que tudo, o fundamental é televisão. Então qual foi a razão para a Supremacia de Menezes?
Factos concretos
Televisão - Durante quatro semanas, veja-se a Marktest, Mendes teve mais notícias e mais tempo de tv que Menezes (que tinha uma agência de comunicação a trabalhar para ele).
Imprensa escrita – Menezes tinha a favor o Correio da Manhã (é colunista lá), DN (porque João Marcelino simpatiza com ele e foi quem o convidou para o CM, por sinal), JN (por afinidade nortenha), delegação do Norte do Expresso e 24 Horas (até Pedro Tadeu contou, no fim-de-semana, um telefonema solidário de Menezes que um dia recebeu).
Conclusão, a agência de comunicação contou pouco, Menezes semeou ao longo dos anos algumas solidariedades que o preferiram apoiar.
Mas tinha contra, Sol (especialmente José António Lima), Público (elites culturais odeiam-no), Visão e Sábado que o massacraram sem piedade.
Rádio – empate
Blogs – acho que já se falou o suficiente disso em plena campanha.
Logo se compreende que o desgaste, e a consequente vontade de mudar eram tantas que quem concorresse contra Mendes era um potencial vencedor. A Supremacia de Menezes foi a fragilidade de Mendes.

PSD/Identidade Desconhecida

O que é o PSD? Um partido autocarro onde tudo lá cabe?
Esse é um dos principais desafios de Menezes. O PSD hoje tem uma Identidade Desconhecida.
Menezes pretende fintar Sócrates pela esquerda, mas ao mesmo assume os tiques conservadores-liberais de Sarkozy.
O melhor seria “Razão e Coração”. “Razão”, o que alguns dos seus críticos dizem ser a sua pecha; “Coração”, o que Menezes tem de mostrar – e não mostrou em campanha – que falta à governação de Sócrates.
Mas, acima de tudo, posicionar claramente e dar uma identidade ideológica ao PSD. Até porque isso lhe tiraria o rótulo de populista que os críticos e “opinion makers” teimam em colar-lhe. Demora tempo, é um facto. Não podemos esquecer os EUA, onde as vitórias dos Neo-Cons de W. Bush assentaram nos pilares ideológicos lançados pela revolução conservadora de Barry Goldwater, mais de 30 anos antes.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

V de vitória


Em plena Segunda Guerra Mundial, com as tropas alemãs em crescendo e a França já dominada, temia-se no Reino Unido a invasão germânica a qualquer hora. Winston Churchill, um dos maiores comunicadores do séc. XX, avisou no seu primeiro discurso na Câmara dos Comuns que não tinha "nada para oferecer senão sangue, sofrimento, lágrimas e suor". Partiu deste discurso para inverter o estado anémico em que se encontravam os ingleses e Aliados.
Mais de um ano depois, em Julho de 1941, o primeiro-ministro inglês sabia que tinha que continuar a persuadir o povo para a sua causa. E sabia que tinha de o fazer através de um acto único, que perdurasse na memória de todos. Não através de outro discurso, mas de um símbolo gestual, Churchill administrou uma injecção de moral nos seus. Com o indicador e o dedo médio erguidos em riste, o estadista britânico popularizou o famoso "V" de vitória, que seria decisivo no toque a reunir dos Aliados (o "V" atravessou toda a Europa).
Por cá, ainda hoje a comunicação corporal é muito desprezada. O aconselhamento em comunicação não se deve resumir à palavra. Com efeito, 55% do que comunicamos é através de linguagem corporal, 38% através do tom com que falamos, e apenas 7% pelo que efectivamente dizemos.
Será fácil concordar com Churchill. Um gesto que valeu mais do que mil discursos.