sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Poder de síntese

Por Sofia Lima*

Reza a história que, nos anos 20, Ernest Hemingway foi desafiado por colegas para criar uma história completa em apenas seis palavras. Parece impossível, mas não é… de todo. Eis que o escritor surpreende os colegas com a seguinte história: “For sale: baby shoes, never used”.

Hoje em dia, as pessoas são diariamente testadas ao seu poder de síntese, sobretudo nas redes sociais. Bem sabemos a dificuldade que pode ser escrever um texto com apenas 140 caracteres. Pensando nisto, a TMN lançou o desafio ao Nuno Markl para criar a maior maratona de que há memória no Twitter (a chamada Twitteratona), pedindo aos participantes que resumam aquilo que, à primeira vista, não é resumível. Alguém me sabe dizer como fazer uma receita de bacalhau em 140 caracteres?

Vamos acompanhar e perceber se há alguém como Hemingway. Sinceramente… duvido, mas vai ser divertidíssimo.


* Senior Consultant
Grupo YoungNetwork

Temam a contenção, ignorem o exagero

Na comunicação de crise, sugiro muitas vezes ao cliente: "Ignore os ataques exagerados, tema os contidos".

A credibilidade de quem ataca também se faz no momento de pronunciar a mensagem.

Exageros levam à perda da razão, enquanto o equilíbrio da argumentação persuade melhor a audiência.

Estágios à borla? Concordo.

Estágios à borla? Concordo.

Praticamos no Grupo YoungNetwork? Não.

É legítimo o Carga de Trabalhos não publicar anúncios sobre estágios não remunerados? Claro que é.

1. Concordo porque gosto da liberdade de escolha. Se há alguém que aceita trabalhar sem receber remuneração, como estagiário ou noutra função qualquer, e se uma entidade aceita que ela trabalhe sem receber, é porque temos negócio. As duas partes livres, não obrigadas a nada, aceitam ter essa relação contratual. Ambas entendem que ganham nesta troca. Se não entendessem que ganham agora ou no futuro, não havia troca. É assim em qualquer troca. Só há troca, quando as duas partes entendem que ganham. Atenção, que haver troca não tem nada a ver com ser justo ou injusto. Eu posso ter uma arma apontada e, em troca pela vida, dou o meu relógio e a minha carteira. É justo? Não. Mas foi uma boa troca para mim. A minha vida custou um relógio e uma carteira. Barato.

2. Há uma natural predisposição para impor medidas que se pensam justas e que muitas vezes se tornam desastrosas. Salário mínimo? Também discordo. Regras rígidas no Direito do Trabalho? Discordo, porque dificultam o acesso de quem não tem trabalho ao mercado de trabalho. Quem sabe que tem dificuldade de prescindir de pessoas quando for necessário, tem a cautela de não contratar tantas como gostaria na bonança (aqui não seguimos muito esta regra, mas poderemos ter que a rever se e quando os crescimentos descerem dos dois digitos). Já criámos no grupo YoungNetwork mais de 75 postos de trabalho (um número modesto, mas que multiplicado por vários milhares de empresas no país inteiro, já tem significado). Se de hoje a amanhã tivermos que voltar a ser 40 ou 50, ainda ficamos com um saldo positivo de 40 ou 50 postos de trabalho criados. Parece-me perfeitamente legítimo e positivo para o país. Até porque as empresas não crescem no número de pessoas até ao céu.

3. Agora, este argumento da obrigatoriedade de se pagar estágios, para quem o defende, devia ser estendido. Por exemplo, na política. Não devia ser permitido fazer trabalho para partidos de forma gratuita, nem participar das equipas das campanhas para primeiro-ministro ou para presidente da República sem contrapartida financeira. Perguntem ao presidente Cavaco Silva quanto pagou a Alexandre Relvas para o ajudar na coordenação da sua campanha para presidente. Estamos claramente perante uma situação de "exploração" do administrador da Logoplaste. Outro exemplo, nos pro-bonos. Porque não limitar a possibilidade de se oferecer o serviço? As agências ou outras empresas deveriam ser proibidas de o fazer, para que não sejam "exploradas". Podíamos continuar uma longa lista de proibições que se deveriam fazer para tornar a coisa mais justa, segundo os cânones mais tradicionais.

4. Porque é que não temos estágios não remunerados? Porque gostamos do toma-lá-dá-cá imediato. Quem entra, vem porque faz falta. E vem para mostrar que pode ser válido. E vai ser pressionado para mostrar o seu valor e ser útil à empresa. Achamos que receber uma remuneração joga bem com esta nossa mania de exigir.

5. O Carga de Trabalhos é um site de referência, e que deve reger-se pelos seus próprios critérios. O meu apoio à decisão deles é total.