segunda-feira, 21 de julho de 2008

Operação Croácia: a única emoção

No mundo profissional sou pouco dado a emoções. Simplesmente porque sou pago para tomar as melhores decisões para o Grupo YoungNetwork. E sei que tenho maior probabilidade em acertar nas decisões com análises frias sobre as realidades.

Na aquisição da Croácia houve um momento de emoção, felizmente longe do processo orgásmico que é comprar uma empresa (a este propósito tenho de usar o cliché de citar o livro Winning de Jack Welch, que a páginas tantas descreve a distorção que a emoção pode trazer na hora de comprar). Esse momento ocorreu no cocktail, quando entre alguns pratos tradicionais portugueses que foram servidos - confesso, eu desconhecia aquelas especialidades portuguesas - surgiu a voz calorosa de Amália a aquecer a sala.

Foram segundos eternos a digerir a emoção e o orgulho de ser português.

Operação Croácia: o mais exótico que já me disseram

Quando divulgámos a aquisição da Meritor Media pelo Grupo YoungNetwork, o comentário mais engraçado que ouvi foi este: "Croácia!? Escolheram um país muito exótico".

Bom, tinha ser algum país. E como disse na altura tenho uma definição diferente de mercados naturais.

Mas o mais curioso da expressão é que lá os exóticos somos nós. Foi isso que tive de explicar na Croácia, tanto na conferência de Imprensa como no cocktail que promovemos com clientes, potenciais e opinion makers (fiquei surpreendido por termos lá um secretário de Estado, um ex-secretário de Estado, presidente da Microsoft, e outras personalidades influentes, o que só dá mérito a quem dirige a Meritor Media). Nós, investidores portugueses, somos os exóticos, quando lá todos esperam que sejam ingleses, alemães ou austríacos a entrarem nestes mercados.

Operação Croácia: seis meses depois

Faz dia 1 de Agosto seis meses que iniciámos a nossa operação na Croácia. Primeiros meses de estudo, muito trabalho de casa, implementação de novos processos, fecho de plano estratégico e orçamento para 2008, algumas quick wins, muitas viagens de pessoas de cá para lá e vinda da Raseljka a Portugal (curioso ela dizer que o meu filho de cinco anos pronuncia melhor o nome dela do que eu, isto já depois de eu ter trocado a pronúncia do "s" de "zzz" por "che"; ainda assim, dei-me por contente por ser batido pelo miúdo de cinco anos - na altura quatro - e não pelo de dois e meio).

O que temos:

- Equipa muito motivada
- Facturação de consultoria per capita abaixo do que pretendemos
- Percentagem do custo de pessoal elevada face à facturação (e vai piorar porque este ano vamos sacrificar a margem pelo crescimento, nomeadamente com a entrada de mais pessoas - entraram na empresa duas novas pessoas a 1 de Julho: consultor júnior e responsável de new business)
- Poucos contratos anuais de consultoria
- Bons fees de acções pontuais
- Clientes fidelizados
- Pagamentos a fornecedores e recebimentos de clientes a horas

O que já se vê:

- Notam-se os primeiros resultados do esforço de New Business. Apesar do responsável de new business só agora ter entrado, a directora passou a estar mais enfocada nesse objectivo
- Até agora, entrada de três novos clientes de contrato anual (a nossa estratégia passa por aqui)
- Dois dos três novos clientes (Ministério da Educação, Telegra, Allianz) provêm de novos sectores (queremos estar transversalmente nos vários sectores, e não apenas nas tecnologias de informação, como até Fevereiro deste ano)
- Sistema de controlo e avaliação de resultados a funcionar

Resultados:

- Facturação (provisória) a 30 de Junho: 5 a 12% abaixo do objectivo (neste momento está nos 12%, mas falta incluir uma ou outra factura no mapa)
- Resultado Operacional (provisório) a 31 de Maio (o de Junho ainda não temos, porque a norma é ter a facturação fechada quase no próprio mês, e os custos fechados passados dois meses): 10% acima do objectivo
- Estamos satisfeitos para já, embora qualquer análise que se faça seja prematura. Acresce que o nosso segundo semestre é mais agressivo em termos de objectivos, embora tenhamos mais meios também para os alcançar
- Estamos a trabalhar em resultados positivos desde a primeira hora: a Meritor Media apresentava resultados positivos quando fizémos a aquisição

Recordo que o nosso objectivo é multiplicar o resultado por três até 2010. E como disse na altura: o mais fácil foi comprar.

Há taxistas e taxistas!

Escreve Luís Paixão Martins uma nota sobre a perda do seu telemóvel, que foi perdido, viajou minutos de táxi, e foi devolvido no aeroporto.

Curioso. Aconteceu-me exactamente o mesmo há uns anos, numa madrugada. Estava no aeroporto, dei conta da perda, liguei para o meu número, atende o motorista de táxi, já estava de novo na paragem onde o apanhei, voltou ao aeroporto e devolveu-me o telefone.

Duas diferenças na história: o modelo era um Nokia Communicator, daqueles que servem também de arma de arremesso*, quando somos ameaçados numa viela do Bairro Alto, e eu estava noutro país. Portugal, no caso.

Moral da história: temos de escolher muito bem o motorista de táxi onde deixar o Nokia perdido no táxi.


* Não vale gozar, porque hoje tenho o mesmo modelo Communicator, só que a nova versão. Continua formato tijolo, mas com upgrade de design.