sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A queda de Giuliani

Gosto muito de ler biografias de realizadores de cinema. Um dos meus favoritos, Michelangelo Antonioni, dizia, sobretudo sobre umas das suas obras primas, “O Eclipse”, que «procurava vestígios de sentimentos».
Nas sociedades modernas – e aquele minuto de silêncio na Bolsa por morrer um corretor e a ebulição, logo sem pausas, do mercado de capitais, no filme mencionado, são bons exemplos – faltam factores de ligação, de emoção nas pessoas.
Esse é um dos desafios da comunicação política. Apresentar os “vestígios de sentimentos” dos políticos junto dos eleitores.
Giuliani falhou nos EUA porque, como comentava - penso que o Paul Begala na CNN – quanto mais tempo Giuliani está num sítio mais votos perde. Como só apostou – um dos maiores erros estratégicos em eleições americanas – na Florida, matou-se.
Giuliani foi o único político de óculos, factor de barreira com os olhos – o espelho da alma – de qualquer candidato e de qualquer pessoas.
Apresentou-se com uma placa nova que só plastificava a imagem. Já de si difícil e quase anódina.
Juntando tudo, a derrota surgiu. No entanto, mantenho hoje que os candidatos mais bem preparados para assumir a Casa Branca são Hillary e (era) Giuliani. Mas como diz Kissinger, esse não é o principal critério para se escolher um candidato.
Giuliani investiu forte em publicidade (“ad pepople”) na Florida e ficou em terceiro e desistiu. Esqueceu-se da comunicação política (“PR people”)…Paz à sua alma.