terça-feira, 26 de agosto de 2008

Falta de estratégia é o Buraco Negro

Concordo com o Luis Paixão Martins (LPM), aqui.
Hoje em dia, por esse país fora, por onde existe a alma PSD, que argumentos utilizarão os mais ferrenhos laranjas nas discussões de cafés?
É que é nestas pequenas centelhas de vida que se alimentam os grandes partidos. Como diz, «a comunicação política é o cimento de uma determinada comunidade».
É do argumentário da direcção, e dos seus rostos mais fortes, que se consolidam as ideias e se vencem as pequenas discussões de bairro. Hoje, não existe argumentário. Adivinho que se fala de “credibilidade”, de “seriedade”da “senhora”, mas, do resto, os sociais-democratas devem estar a optar por falar da nova época de futebol do que do seu partido. Por um motivo: é que neste momento não o compreendem.
Da S. Caetano só vem silêncio…
Também sou dos que não sabem tudo e, por isso, como objectivo pessoal tenho o de todos os dias aprender mais alguma coisa.
Sigo este vácuo no PSD com curiosidade e com os meus “feelings”.
Mas aqui, ao contrário/ou acrescentando ao LPM acho que vivemos algo mais grave.
E se o silêncio é apenas a face visível da ausência de estratégia?
É que «se a falta de comunicação gera o caos», a ausência de estratégia é o Buraco Negro.

Nota sobre comentários na frontpage

Optei por colocar os comentários do Miguel e o meu como posts, além de estarem na caixa do costume para lhes dar mais visibilidade, já que dão um conjunto de contributos extra e importantes ao primeiro texto.

Second Life não corre na Marquês de Abrantes (IV)

Novo comentário do Miguel Albano como resposta a este:

Viva,

assim que chegar a Lisboa irei corrigir o nosso «tema» do blog de forma a melhor identificar o autor dos artigos. Estou neste momento a passar o km 167 da A2 e editar temas é coisa que não consigo fazer decentemente numa viatura em movimento.

1. No caso do SL, a base não é pequena. Ter 38 mil utilizadores em média todos os dias na plataforma é relevante. Pode, e aí concordarei contigo, não ser relevante ao mercado português. Mais, o SL é relevante pela inovação que trouxe e continua a trazer todos os dias.

2. O problema dos nossos dias é que aparece uma novidade nos EUA e nós vamos todos a correr igualar os nossos congéneres norte-americanos. Como tu bem saberás, o nosso mercado funciona a cerca de 10 anos de distância, com muita pena minha. Se o BES no SL não tem sucesso, a responsabilidade é de quem? Do SL ? do BES ?Curiosamente, nunca soube da presença do BES no SL. Também não sou cliente, não sou parte interessada. Mas se fosse utilizador regular do SL (assumo que não sou) poderia ser um potencial lead da marca.

3. O SL está fora de moda sim senhor. Porque se gerou muito hype. Porque se investiu muito, mas mesmo muito dinheiro e sem retorno. Porque se investiu sem saber qual seria o retorno a obter.O SL não é nem nunca quis ser uma alternativa. É uma plataforma, fruto de uma visão individual. Mas aquilo que possibilitou e possibilita pode constituir retorno, em termos de know how, em termos de processos, em termos de relações, em termos de interacção.O problema é que os marketeers chegaram com uma visão de vini, vidi, vici e colocaram-se ao serviço das marcas.As marcas (e em particular as portuguesas) ainda tem algumas dificuldades em entender os novos paradigmas da comunicação digital, quanto mais do SL.

4. Sem dúvida. Mas quantas organizações conheces tu cujos departamentos de marketing/comunicação estabelecem orçamentos para investigação & desenvolvimento (vulgo, experimentação). Se não o fazem, estão a limitar a sua base de conhecimento. Quem experimentou no SL (vide a IBM, a Cisco, a Dell, a Coca Cola) pode não ter obtido o devido retorno em termos financeiros. Mas qual foi o retorno em termos de a) visibilidade mediática b) know how?

Contudo, há que abordar todos estes projectos com a devida objectividade. Esbanjar dinheiro não é benéfico para ninguém.

5. Com todo o prazer te revelo que não implementámos nenhum projecto no SL. Porque não houve nem há interesse por parte dos clientes.

Mas mais importante que isso, eu não lhe dou um papel fundamental numa estratégia integrada de comunicação digital.O BES, já que abordaste esta organização, possui alguma estratégia de comunicação digital?

De que forma é que a organização aborda os seus stakeholders online? Como é que pretende que eles abordem a organização? É feita a monitorização? É gerida a interacção? A organização comunica sequer através dos meios online?

E, vamos lá saber, que técnicas de avaliação de retorno colocou em prática?(Se me permites, se a organização não souber responder a estas perguntas, pode vir falar comigo :)

Para terminar, não vejo potencial no SL a curto prazo, não no mercado nacional. Mas tu sabes tão bem como eu que hoje em dia nós não podemos ver as coisas com limitação geográfica.

6. Tens razão relativamente a 1999, mas não a Setembro. O João já estava a fazer CNL antes de eu sair em Junho, ou eu estou com as memórias trocadas.O RDIS era uma coisa louca, sem dúvida. Mas foi ultrapassado em Setembro/Outubro de 2008 com a instalação da linha dedicada. Lembro-me perfeitamente porque na altura a PT estava com 3 meses de atraso na implementação de linhas dedicadas, fruto de re-organização de stocks.

Second Life não corre na Marquês de Abrantes (III)

Meu comentário ao comentário do Miguel sobre este post:

Olá Miguel,

Li os posts, procurei onde estava a assinatura e não encontrei, depois deduzi que seriam teus.

Algumas notas que gostava de deixar ao teu comentário:

1. Ser líder incontestado não é necessariamente relevante, quando a base é pequena, e no SL é; na minha rua sou líder incontestado no know how de comunicação, só que não é relevante porque somos meia dúzia e sou o único que trabalho nesta área;

2. Sabes quantas pessoas visitam a loja do BES no SL (se é que ainda está aberta)? Quando lá aparece um avatar por dia é casa cheia;

3. Depois o SL está completamente out na Imprensa, e mesmo na Net, tal como para os markeeters (especialmente os que gastaram lá euros reais), o que limita as possibilidades de gerar mais utilizadores (se bem que é a má experiência que não fideliza os utilizadores);

4. Concordo que se deva perceber os novos meios, mas depois disso é preciso meter o crivo do custo/benefício; estar lá a gastar rios de cash para experimentar...;

5. Quantos projectos já implementaste no SL? E quantos é que pensas implementar nos próximos dois anos? (não quero com isto por em causa se tens ou não competência para os implementar, mas sim perceber onde vês potencial a curto e médio prazo);

6. Desculpa o preciosismo, mas sou um chato com preciosismos: O CNL só começou as edições em Setembro de 1999 (ver wikipedia, e não vá a enciclopédia da Net estar errada confirmei agora ao telefone com o João Goulão). Em 1997 e 1998 ainda era preciso desligar as linhas RDIS de uns para outros terem Net.

Abr.

jd

Second Life não corre na Marquês de Abrantes (II)

Comentário de Miguel Albano no do fundo da Comunicação a propósito deste post:

Viva João, antes de mais, permite que te corriga. O post é do Filipe Marques e não meu.

Contudo, aproveito para apresentar a minha opinião sobre o artigo e o SecondLife (SL).

Devo ser dos poucos que vê no SL um projecto de sucesso. Depois de todo o hype e de toda a cobertura mediática sobre o mesmo, facto é que é o líder incontestado dos mundos virtuais (em termos de utilizadores e horas gastas pelos mesmos).

Houve quem soubesse «cavalgar a onda mediática» do SecondLife para benefício próprio. Outros nem por isso e investiram em projectos sem retorno.

Mas em todos os projectos (com ou sem sucesso) se retiraram lições pertinentes e relevantes, quer na forma de relacionamento com as micro-audiências quer na forma como a tecnologia está a evoluir.

Uma organização/marca que tenha experimentado o SL está mais bem preparada para o microPR, a comunicação individualizada com cada uma das suas audiências. Uma organização/marca que tenha experimentado o SL está, sem qualquer dúvida, preparada para os desafios tecnológicos e de comunicação que se avizinham.

Há inúmeras outras razões para considerar o SL como um projecto de sucesso, mas compreendo que a maior parte das pessoas não veja grande potencial na plataforma.

Sempre afirmei dentro de portas que o SL é um projecto de conceito. Veio revolucionar a forma como abordamos os mundos virtuais.

Facto é que hoje em dia temos dezenas de concorrentes, cada um a querer garantir o seu próprio sucesso dentro de um nicho. E aquilo que me é mais relevante é que se abriu uma enorme apetência por parte dos utilizadores para estas plataformas.

Se se eles estão lá, se eles verdadeiramente aceitam e interagem com estas plataformas, pois eu, enquanto organização/marca, tenho de compreender a plataforma (tal como tive que compreender a rádio, o telemóvel, a televisão e a www) e saber interagir com as minhas audiências através da plataforma.

Em 1998 (ainda sem YouTube) já tinhamos a felicidade de ter uma linha dedicada (256 kbps) da Telepac no Marquês de Abrantes. Não tinhamos o PSG na televisão, mas já exportávamos o Afonto Santos e o João Goulão para o CNL (essa grande experiência da televisão em Portugal).

Bons tempos, bons tempos...

Second Life não corre na Marquês de Abrantes

Depois de ler este post do Miguel Albano no it's not about you, gostava de acrescentar o seguinte.

O Second Life não teve sucesso porque é uma má experiência para o utilizador/consumidor, e como é uma má experiência é uma má plataforma de comunicação.

No início houve um hype muito grande à volta daquele que seria o jogo dos Sims, mas com gente real por detrás, com dólares, alías Linden Dollars, cuja taxa de câmbio é um linden dollar = a um american dollar, e também por curiosidade, se não me falha a memória Linden é uma homenagem à rua - Linden Street - onde se situava a sede, ao melhor estilo China Town, onde a empresa arrancou, sendo hoje uma loja de fancaria ou um restaurante chinês, o que também não me recordo e já deitei fora a Fast Company, onde a história foi publicada vai para dois anos...

Mas falávamos de dólares, de lojas virtuais, de ilhas, de transacções e de voos que nos tomam pela personagem principal do Matrix, só que se fazem aos repelões, o que passe a redundância e a piada reles, repele os utilizadores. Tanto é assim que os poucos milhões de utilizadores registados e os ainda menos activos fazem de muitos meios sociais, que ainda nem chegaram aos ouvidos portugueses, autênticos Golias.

O hype inicial e que ainda durou algum tempo, chegando cá um pouco mais tarde - mas as coisas são mesmo assim - deu para fazer alguns fogachos na Imprensa. Tal como há dez anos era notícia lançar um site, também durante um tempo abrir loja no Second Life gastou tinta dos melhores jornais e revistas.

Tirando isso, fica a experiência, que é má porque as comunicações - largura de banda - estão um passo atrás do software. Tal como o melhor computador do mundo é o hardware de hoje que corre com o software de ontem, servirmo-nos do Second Life em 2008 é como tentar correr o youtube na Net de 1998. Nessa altura, estavámos eu e o Miguel Albano nos primórdios do negocios.pt e não conseguíriamos pôr o Pedro Santos Guerreiro a falar assim, sobre a potente linha RDIS da Marquês de Abrantes.

Desafio 1.0: Não acreditam em vós

Para quem já marcou reunião comigo, ou para outros que ainda pensam fazê-lo, há uma pressão extra: Há quem não acredite na vossa capacidade. Na caixa de comentários deste post foi deixado este comentário:

Rui Cruz disse...

Uau. Isto parecem versões do Windows. Web 2.0, Comunicação 1.0.Mas caro amigo, fique a saber que variante "comunicação digital e Media Sociais" não existe.O que lhe vai sair é um bartolo/guru que gosta de falar de SEO sem saber do que fala só porque escreve bem (não se leia: escreve acertado). Fico para ver no que vai dar...Rui

Gostava também de deixar explícito que o desafio é aberto a outros interessados, embora os bloggers que escrevem sobre marketing e comunicação na Web 2.0 partam à frente pela constatação de que pelo menos seguem o tema.