quarta-feira, 26 de março de 2008

Haxixe


A comunicação reveste-se de muitas formas, e sermos especialistas numa dessas determinadas formas não nos pode tolher a visão dos desafios que enfrentamos.

Vem isto a propósito do lançamento de Haxe, escrito por Manuel Arouca. O livro, baseado em factos reais, surge sobre “instigação” de Manuel Pinto Coelho, conhecido médico e presidente da Associação para um Portugal Livre de Drogas.

O livro lê-se bem, escrita light, em formato de quase guião – a pensar no filme que Catherine Le Roux irá realizar. Numa primeira análise diria que o importante do livro é a mensagem que passa – aliás a razão do próprio livro. A mensagem está colada às informações e às posições que Manuel Pinto Coelho tem sobre as drogas, e está bem sustentada e sumarenta nas páginas onde Elsa, a psicóloga, se embrenha a fundo na pesquisa sobre o haxixe dos nossos dias. Aí é Manuel Pinto Coelho transvertido de Elsa que está a falar. Numa segunda análise corrigiria e diria que é a mensagem aliada à forma. O livro está escrito para endereçar pais e jovens, tentando abranger uma alargada franja de leitores. E é este um instrumento mais eficaz – assim como será o filme – para atingir os objectivos de informar a população sobre os perigos do consumo de drogas leves. Mais eficaz do que estudos, entrevistas, notícias em jornais, que muito deste público não leria.

Parabéns ao Manuel Pinto Coelho, que teve a ideia, Manuel Arouca, que escreveu, e à Primebooks, que editou e promoveu.

Armandino Geraldes esclarece

Ao final da tarde de sexta-feira, dia 14 de Março, recebo uma chamada do Armandino da BAN por causa deste texto. Na verdade, o comunicado lançado pela agência tem um sentido ligeiramente diferente da notícia da Briefing, embora a frase não seja de interpretação fácil.

O Armandino queixou-se que o meu texto é a antítese do seu percurso profissional, marcado pela credibilidade e pela discrição.

A minha crítica foi para Diogo Simão, e só como consequência para a BAN. Fiz questão de ressalvar a opinião que tenho do Armandino no próprio texto.

O post corre o risco de ser injusto porque analisa uma notícia que tem uma ligeira nuance de escrita que altera a interpretação (mas como disse, a frase do comunicado não é de fácil interpretação) e porque a mensagem “não enganamos jornalistas” é genérica para um modo de actuação correcto das fontes profissionais e não específica para a BAN.

Já antes existiram outras manobras onde este pensamento se aplicaria com maior rigor.

Assim, reformulo para todos os profissionais de comunicação.

Repeat after me. “Nós não enganamos jornalistas”.