quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Mexe mas não dobra

Há regras de base na boa comunicação: a coerência é uma delas.

Os pais de Maddie McCann seguem à risca o que dizem os seus especialistas de comunicação, a julgar por entrevistas suas no passado e também pelas mais recentes.

Dois dados novos para analisar:

- Kate chorou pela primeira vez em público na última entrevista, a uma tv espanhola. Foi genuíno ou alguém lhe disse para chorar? Se foi genuínio ninguém vai compreender porquê só agora, se foi a conselho de alguém cometeu um erro grosseiro. O sentimento será sempre: "agora já chora"; "agora que é suspeita já chora".

- "Se eu fosse mais gorda e tivesse mais peito, as pessoas seriam mais simpáticas comigo". É verdade. A expressão fria da cara de Katie não a ajuda. Mas pode ser uma característica sua genuína. A magreza e ausência de formas redondas, essas, são seguramente genuínas. Não se entende é o alcance das suas palavras, papagueadas de um consultor de comunicação.

Esperamos não ter que ver Kate amanhã, com dez quilos mais, e com duas copas de soutien acima. Na comunicação a cintura mexe, mas a espinha não dobra.

Informa Miguel

É engraçado ver outro grande contestatário dos influenciadores, informadores e desinformadores a seguir a infame estratégia dos acusados.

Fiquei atónito. Será este o mesmo Miguel Sousa Tavares? Aquele que dá entrevistas para apresentar o seu novo bestseller? O autor de Rio das Flores, a história inspirada no bisavô do piloto da TAP? O que só deixou seis pessoas lerem o livro? O escritor que vai fazer a pré-publicação de trechos no gratuito Global Notícias?

A isto chamo estratégia mediática. Por sinal, bem traçada.

Desinforma Pacheco

Na terça escrevi que tinham ficado dois temas para comentar enquanto estive fora. O primeiro retratei no post Quem tramou Rogério Alves?. O outro segue agora.

Escreveu Pacheco Pereira, na Sábado da passada semana, que a partir de agora uma agência de comunicação instalou-se na Comissão Política do PSD, para influenciar e desinformar.

Não sou nada corporativo, pelo que não vou aqui assumir as dores dessa agência, tampouco as do sector. Existe (?) uma associação que poderia fazê-lo. Também não vou perder tempo a explicar que para influenciar, informar ou desinformar não é preciso nenhuma agência. Alô? As direcções de comunicação, os gabinetes de Imprensa, os assessores, e muitos outros, menos óbvios, também o podem fazer. Aliás, os líderes de opinião como Pacheco Pereira fazem-no. Todas as semanas.

Em nome de uma sociedade menos diabolizada, proponho que na revisão constitucional de Menezes se acabem com consultores de comunicação, advogados, conselheiros, marketeers, financeiros, médicos e outras profissões nesta linha, como comentadores por exemplo. Todos prescrevem, aconselham, influenciam.

Em nome de um cidadão cristalino. E de uma sociedade mais genuína.

Poupe papel, salve a floresta


Campanha da Saatchi & Saatchi para a WWF. Cortesia da nossa consultora Inês Saraiva.