sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Marca de morte



Quem está à espera de um texto lúgubre sobre o folhetim mexicano da família Mc Cann, não perca tempo.
Há uns tempos atrás, LPM (Luís Paixão Martins), atento, divulgava no seu blog a melhor campanha de RP em Espanha, no site especializado PR Comunicácion.
Eu atrevo-me a avançar a melhor campanha de assessoria mediática em Espanha. Há umas semanas, foi capa da revista do El Mundo, do suplemento de domingo em papel do “El País” e já tinha passado também pelo “ABC”. Falo do regresso do “matador” José Tomás.

Conjuntura:
.Na altura certa, no topo do “escáláfón” (ranking dos matadores de touros), retirou-se.
.Regressou agora, na menos taurina das cidades espanholas: Barcelona. E a Praça encheu (coisa rara) e saiu em ombros, com orelhas.
.Para “apoderado” (para quem não percebe destas coisas uma espécie de empresário) escolheu um ex-jornalista.
.Nunca abandonou, e nos perfis é sempre figura maior, o seu avô. Que lhe meteu o “bichinho dos touros e do Atlético de Madrid, a sua outra, e única, paixão.
.Tomás já tinha um toureio clássico, de risco, cada passe, um passo para o abismo. A emoção, o perigo constante. Tomás regressa a arriscar ainda mais.

Objectivo
.Torná-lo o quinto dos “evangelistas da tauromaquia”, juntamente com os históricos Joselito, Belmonte, Manolete e Ordoñez.

Estratégia
.Marca de Morte: criação de um mito: “A do toureiro que quer morrer na Praça”
.Criação de um ícone quase místico. Solitário, apegado ao lado patriarcal da família que só tem um pensamento: lidar touros.

Meios
.Perfis pessoais/Fotos artísticas acompanhadas de poesia. Exemplos:
«Para vivir se ve forzado a torear y para no traicionar lo que él entiende por toreo, rayar en lo más alto y ser el quinto evangelista solo tiene un sendero, que es atajo, horóscopo y, quizá, mortaja». Ou:
«Si los pitones no hieren el cuerpo glorioso de Tomás, por qué la carne mortal de este acaba en la enfermeria tan a menudo? Cuando José Tomás torea, el angel de la muerte está en la plaza».
Por tudo isto, a tauromaquia hoje é José Tomás. Praças cheias, sedentas de toureio sério e sempre na esperança de ver o quinto evangelista a perecer onde ele mais amaria: nos cornos do animal que respeita e venera.


PS1: Morreu o Fausto. Morreu um Amigo. Acabaram-se as conversas de política e sobre a Académica no Pedro V.

PS2: Vi com atenção que o meu ex-braço-direito, noutra área da comunicação política, João Reis, foi contratado por uma agência da concorrência. É um bom rapaz, sério e honesto, merece sorte

Cheque em branco: Obama faz flashback

Video que está a abrir o seu website de campanha. Rui Calafate sempre atento.

Quanto vale a música?

Preço do novo álbum dos Radiohead? "It's up to you"..."no really. It's up to you". São os fãs que determinam o preço que querem pagar pelo download do In Rainbows, lançado há dois dias. O preço é propositadamente deixado em branco no site, para cada um de nós preencher.

A estratégia gerou um buzz enorme na indústria discográfica. Já no primeiro dia deste mês, a banda de Tom Yorke tinha surpreendido ao declarar que não tencionava enviar cópias do trabalho à Imprensa antes do lançamento, e que esse lançamento seria logo daí a dez dias. Mais. Seria a própria banda a fazê-lo, sem intermediação de qualquer editora.

Todos estes ingredientes geraram uma histeria online, e milhares de notícias em sites de música e jornais de todo o mundo. A blogosfera foi de tal forma inundade por comentários, que quase podemos imaginar filas e filas de fãs à porta das lojas para comprar o CD dos Radiohead.

Para a indústria, as questões tornam-me mais pertinentes que nunca. De quem é a música? Quanto deve custar? A venda de cd's é mesmo importante para músicos deste calibre?