terça-feira, 20 de novembro de 2007

No princípio, era Roma

Uma revista de história brasileira, publica o “Manual do candidato às eleições”, escrito em 64 a.c., por Quinto Túlio Cícero para o seu irmão, mais conhecido, Marco Túlio Cícero que naquele ano se candidatava a cônsul.
“Fortalecer amizades já existentes e conquistar novas, cobrar favores prestados a quem pudesse ajudar na campanha, decorar o maior número de nomes possíveis, sorrir para todos, ser generoso, fazer promessas mesmo sabendo que não cumpriria todos, pedir votos na rua, estar sempre cercado de multidões, falar a língua do povo e tornar públicos os podres do adversário”. Passados séculos, mudou muita coisa?
Qualquer estratega de campanha na actualidade aconselha o candidato a fazer a mesma coisa. Só acrescentava a isto, porque não havia naqueles tempos, bons números em televisão, ideias bem passadas na rádio e outdoors competentes para que o caldo ficasse completo. Roma é a cidade eterna e é a lição eterna

O burro

Numa hora de almoço (para não prejudicar o seu trabalho), a minha colega (e amiga) Carolina Enes mandou o seguinte mail geral: «aquele que ao longo do dia é activo como uma abelha, forte como um touro, trabalha que nem um cavalo e que ao fim da tarde se sente cansado que nem um cão, deveria consultar um veterinário porque é bem possível que seja burro».
O que é que os consultores podem retirar desta história? As agências de comunicação não são filantrópicas, os seus accionistas procuram o lucro, daí que um recurso humano que não saiba gerir o seu tempo, mais cedo ou mais tarde, vai dar prejuízo à empresa.
Um consultor que não saiba gerir o seu tempo, que não tenha lazer, que não leia, que confunda Luchino Visconti com a marca Carlo Visconti e que não acompanhe o que se passa na sociedade nunca será um grande profissional, apenas um profissional cansado.
Deve-se trabalhar muito, ser empenhado, ser pró-activo, ter amor à camisola. Mas só um burro se gaba de não dormir.
Grande parábola Carolina.

Negocios.pt sopra dez velas

O Canal de Negócios, mais tarde Negocios.pt, depois Canal outra vez, e no BI actual Jornal de Negócios Online vai fazer dez anos. Como não podia deixar de ser, um jornalista dos primórdios como eu foi convidado para um jantar comemorativo. A efeméride vai ser assinalada a rigor no próximo dia 23 lá para os lados da Marquês de Abrantes, primeira sede do Negocios.pt.

Chamo-lhe sempre Negocios.pt porque é o nome que mais gosto, e como contribui com alguma coisa para a afirmação deste projecto sinto-me no direito de gozar deste pequeno capricho. Há dez anos, a Web era uma criança. Lembro-me de cotações colocadas "à mão" três vezes ao dia, da linha RDIS em baixo, das notícias próprias sobre o dia de bolsa que escrevi com recurso a informação de analistas (obrigado, corretores), do "copy/paste" despudorado que fiz de outras fontes, de pageviews, de banners e de liderança.

Vem-me igualmente à memória que a leitura assídua do Negocios.pt foi a minha porta de entrada no jornalismo. No meio de algumas notícias no site, anunciava-se que procuravam candidatos para estágios remunerados. Enviei email e marquei entrevista com José Diogo Madeira. Acabei por ficar, a maioria do tempo na edição de papel - Jornal de Negócios.

Foram anos ricos em experiências, com muita irreverência e alguma imaturidade. Uma mescla permanente de trabalho e divertimento.