terça-feira, 23 de setembro de 2008

Números que ficam no ouvido

Voltando ao tema dos soundbytes...

O soundbyte perdura mais tempo na cabeça dos receptores, daí a sua importância vital na comunicação. Muitas vezes, o soundbyte descodifica conceitos para o receptor. A grandeza dos números é disso exemplo. A partir do milhão, ou melhor, dos milhões a cabeça do cidadão comum não está preparada para processar e reter de forma clara, por falta de hábito, a informação. São valores que não fazem parte do nosso quotidiano.

Uma das formas de os clarificar é partindo por parcelas, por métricas mais pequenas, que tragam a ordem de grandeza para valores próximos dos preços de todos os dias. Por outro lado, a técnica do comparativo com valores quotidianos também melhora a percepção e faz perdurar a mensagem na cabeça dos públicos.

Reparem no seguinte exemplo:

- Em média, cada CEO das 500 empresas do índice da Standard & Poor’s (da bolsa de Nova Iorque), recebeu 14,6 milhões de dólares de salário e de prémios em 2007.

Ok, ficamos a saber que é muito dinheiro, mas quanto são 14,6 milhões de dólares?

- Outra coisa é ler que cada um destes CEO’s ganhou 4.000 dólares por hora trabalhada no ano passado.

Este valor já dá para fazer a tal aproximação aos valores do dia-a-dia.

- Outra coisa ainda é tomar nota que 3 horas é o tempo que estes CEO’s têm de trabalhar para ganhar o mesmo que um trabalhador de salário mínimo no ano inteiro

Façamos os três títulos:

- CEO do S&P500 recebe 14,6 milhões em 2007
- CEO do S&P500 faz 4.000 por hora
- Três horas de CEO valem um ano de salário mínimo
(para não alongar o título, situaria no lead que se tratavam de CEO’s do S&P500)

Qual vos ficaria no ouvido?

Ainda mais Única

Porque somos sempre tendenciosos nas primeiras impressões, lutei contra a minha impulsividade. Desta forma só agora, após lançamento da segunda edição da renovada Revista Única, seguem alguns comentários:

Em primeiro lugar é de louvar a iniciativa.

Num contexto favorável ao Expresso – que segundo os últimos dados da APCT, mantém a liderança de mais do dobro de circulação paga face ao seu concorrente mais directo, SOL – este semanário resolve arriscar e mudar.

A Revista está diferente, diferente do seu passado mais longínquo e do seu passado mais recente em que se encontrava tão ‘à Tabu’.

Está mais densa, mais interessante e menos social. Está definitivamente diferente, foge das normas e do habitual. Está académica qb mas sem cair em arrogância e em despropósitos. Está menos ‘leve’ mas lê-se bem – factor fundamental para grande % dos leitores de fim-de-semana. Não cai no facilitismo (neste caso, não volta à fórmula que adoptou aquando do lançamento da Tabu) mas mantém-se comercial.

Tudo indica que a máxima: “Em equipa/ fórmula vencedora não se mexe” não entra no Expresso. Mas entra o mea culpa, que apesar de não assumido se vislumbra neste regresso às origens da Revista Única, diga-se o que se disser.

É bastante mais arriscada esta nova fórmula da revista. Apresentada em edições mais temáticas, vamos ver se se consegue renovar em todas as edições não se tornando mais do mesmo.

Mafalda Anjos, editora da revista, numa das entrevistas que deu sobre esta nova Única, resume, de forma elucidativa, o que pretende com esta aposta: “Eu adorava que o leitor do Expresso, quando estivesse a beber o café no Sábado de manhã, aquilo não lhe soubesse tão bem se não tivesse a revista debaixo do braço.”

E Mafalda, missão cumprida comigo! A torrada com a meia de leite foi (bem) acompanhada pela Única nestes dois últimos fins-de-semana. Vamos esperar pelos próximos.

Consolidação

A propalada consolidação continua...