Meu comentário ao comentário do Miguel sobre este post:
Olá Miguel,
Li os posts, procurei onde estava a assinatura e não encontrei, depois deduzi que seriam teus.
Algumas notas que gostava de deixar ao teu comentário:
1. Ser líder incontestado não é necessariamente relevante, quando a base é pequena, e no SL é; na minha rua sou líder incontestado no know how de comunicação, só que não é relevante porque somos meia dúzia e sou o único que trabalho nesta área;
2. Sabes quantas pessoas visitam a loja do BES no SL (se é que ainda está aberta)? Quando lá aparece um avatar por dia é casa cheia;
3. Depois o SL está completamente out na Imprensa, e mesmo na Net, tal como para os markeeters (especialmente os que gastaram lá euros reais), o que limita as possibilidades de gerar mais utilizadores (se bem que é a má experiência que não fideliza os utilizadores);
4. Concordo que se deva perceber os novos meios, mas depois disso é preciso meter o crivo do custo/benefício; estar lá a gastar rios de cash para experimentar...;
5. Quantos projectos já implementaste no SL? E quantos é que pensas implementar nos próximos dois anos? (não quero com isto por em causa se tens ou não competência para os implementar, mas sim perceber onde vês potencial a curto e médio prazo);
6. Desculpa o preciosismo, mas sou um chato com preciosismos: O CNL só começou as edições em Setembro de 1999 (ver wikipedia, e não vá a enciclopédia da Net estar errada confirmei agora ao telefone com o João Goulão). Em 1997 e 1998 ainda era preciso desligar as linhas RDIS de uns para outros terem Net.
Abr.
jd
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Second Life não corre na Marquês de Abrantes (III)
Publicada por Anónimo à(s) 15:40:00
Etiquetas: joao duarte, Miguel Albano, Second Life, social media, youngnetworkers
4 comentários:
Viva,
assim que chegar a Lisboa irei corrigir o nosso «tema» do blog de forma a melhor identificar o autor dos artigos. Estou neste momento a passar o km 167 da A2 e editar temas é coisa que não consigo fazer decentemente numa viatura em movimento.
1. No caso do SL, a base não é pequena. Ter 38 mil utilizadores em média todos os dias na plataforma é relevante. Pode, e aí concordarei contigo, não ser relevante ao mercado português. Mais, o SL é relevante pela inovação que trouxe e continua a trazer todos os dias.
2. O problema dos nossos dias é que aparece uma novidade nos EUA e nós vamos todos a correr igualar os nossos congéneres norte-americanos. Como tu bem saberás, o nosso mercado funciona a cerca de 10 anos de distância, com muita pena minha. Se o BES no SL não tem sucesso, a responsabilidade é de quem? Do SL ? do BES ?
Curiosamente, nunca soube da presença do BES no SL. Também não sou cliente, não sou parte interessada. Mas se fosse utilizador regular do SL (assumo que não sou) poderia ser um potencial lead da marca.
3. O SL está fora de moda sim senhor. Porque se gerou muito hype. Porque se investiu muito, mas mesmo muito dinheiro e sem retorno. Porque se investiu sem saber qual seria o retorno a obter.
O SL não é nem nunca quis ser uma alternativa. É uma plataforma, fruto de uma visão individual. Mas aquilo que possibilitou e possibilita pode constituir retorno, em termos de know how, em termos de processos, em termos de relações, em termos de interacção.
O problema é que os marketeers chegaram com uma visão de vini, vidi, vici e colocaram-se ao serviço das marcas.
As marcas (e em particular as portuguesas) ainda tem algumas dificuldades em entender os novos paradigmas da comunicação digital, quanto mais do SL.
4. Sem dúvida. Mas quantas organizações conheces tu cujos departamentos de marketing/comunicação estabelecem orçamentos para investigação & desenvolvimento (vulgo, experimentação). Se não o fazem, estão a limitar a sua base de conhecimento.
Quem experimentou no SL (vide a IBM, a Cisco, a Dell, a Coca Cola) pode não ter obtido o devido retorno em termos financeiros. Mas qual foi o retorno em termos de a) visibilidade mediática b) know how?
Contudo, há que abordar todos estes projectos com a devida objectividade. Esbanjar dinheiro não é benéfico para ninguém.
5. Com todo o prazer te revelo que não implementámos nenhum projecto no SL. Porque não houve nem há interesse por parte dos clientes.
Mas mais importante que isso, eu não lhe dou um papel fundamental numa estratégia integrada de comunicação digital.
O BES, já que abordaste esta organização, possui alguma estratégia de comunicação digital?
De que forma é que a organização aborda os seus stakeholders online? Como é que pretende que eles abordem a organização? É feita a monitorização? É gerida a interacção? A organização comunica sequer através dos meios online?
E, vamos lá saber, que técnicas de avaliação de retorno colocou em prática?
(Se me permites, se a organização não souber responder a estas perguntas, pode vir falar comigo :)
Para terminar, não vejo potencial no SL a curto prazo, não no mercado nacional. Mas tu sabes tão bem como eu que hoje em dia nós não podemos ver as coisas com limitação geográfica.
6. Tens razão relativamente a 1999, mas não a Setembro. O João já estava a fazer CNL antes de eu sair em Junho, ou eu estou com as memórias trocadas.
O RDIS era uma coisa louca, sem dúvida. Mas foi ultrapassado em Setembro/Outubro de 2008 com a instalação da linha dedicada. Lembro-me perfeitamente porque na altura a PT estava com 3 meses de atraso na implementação de linhas dedicadas, fruto de re-organização de stocks.
Ola aos dois e obrigada pela troca de galhardetes sobre o SL, acabei de confirmar o que penso sobre a nova vaga de jornalista ... enfim..adiante.
Respondendo ao João Duarte:
1 - Não sei a que base te estás a referir, quando dizes que a do Sl é pequena. À meios de comunicação online em tempo real ou a mundos virtuais? Sejam qual for, acho que te devias informar melhor... talvez te surpreendas.. O facto de na tua rua ser o lider de comunicação incontestavel por seres o unico que domina a área, não querer dizer nada, é um ponto de vista, pois se fazes a diferença pelo menos nessa rua, no uso que fazes do teu Know How, então meu caro, parabéns! Não precisas dominar o mercado, basta poderes contribuir para o mesmo.
2- Para tua informação, a "loja" BES, como lhe chamas, fez ontem o seu aniversário de 1 Ano SL. Como Líder na tua rua, ainda bem que vivo noutra rua, pois nem te deste ao trabalho de te informares sobre o que faz o BES no Sl... mas eu ajudo... toma lá um link que te pode ajudar a ter conteúdos concretos... http://getasecondlife.net/
3 - Aqui está o maior erro do novo jornalismo... Só é viável se a Imprensa falar de... Vamos a uma análise cor de rosa, O Castelo Branco enche ~páginas da imprensa cor de rosa, no entanto ainda não lhe vi substrato algum...
Quanto aos markeeters, pois estamos a entrar numa nova era de marketing, e infelizmente os prof de marketing e os profissionais alguns entraram para fazer marketing tradicional, numa tecnologia e meio de comunicação novo, sem antes entrarem para o estudar... outros foram mais espertos, entraram como meros utilizadores e só depois trouxeram os clientes... eheheh
4 - Quanto a rios de cash para experimentar... mais uma vez, falta de informação... mas isso vou deixar que procures quem te informe melhor...ou pior! :)
5 - Projectos implementados.. ok procura por ARCI - Associação Recreativa para a Computação e Informática (http://www.arci.pt)... já vao alguns... o próximo.. destina-se a alunos de ciências da comunicação e multimédia...
Quanto a banda larga que temos em portugal, realmente é uma limitação para muitas coisas... o secondlife é apenas mais uma...
Agradeço também a discussão séria e moderada sobre este assunto — é muito interessante, do meu ponto de vista, ver o que pensam marketeers e jornalistas na área, sobre a utilização do Second Life enquanto plataforma... de muitas coisas... muitas da quais provavelmente ainda nem sequer sonhamos.
No entanto, é um facto que em 2006/7 o Second Life adquiriu notoriedade positiva enquanto fenómeno de "media splash" puro — estava-se no SL como se estava no Facebook ou no MySpace. O retorno era irrelevante, desde que os media pegassem na notícia.
Uma vez que os media deixaram de se interessar pela 89.657ª empresa a entrar no SL, desistiram de publicar esse tipo de notícias. Perfeitamente compreensível. O SL, logo, deixou de dar retorno mediático em 2008, e praticamente a totalidade dos projectos actuais no mesmo utilizam outras métricas. Métricas essas que estão estritamente ligadas à gestão de expectativas dos clientes. Mesmo no caso de uma acção de marketing cujo objectivo é aumentar o brand awareness, as contas hoje em dia já não se fazem pelo número de publicações que referiu a dita acção... em vez disso, faz-se o cálculo do custo dessa acção e o número de pessoas (que, no SL, sabemos não só quantas são mas quem são).
Por outras palavras, se a marca X faz um concerto numa discoteca, convida uma banda e enche a casa com 500 pessoas... tem um custo, digamos, de €5000 pela acção promocional. Sabe quantas pessoas estiveram (foram contadas à entrada) e tem uma ideia do retorno em termos de brand awareness fazendo um inquérito a posteriori a essas 500 pessoas.
Se o mesmo concerto com uma banda for feito no Second Life, pode atrair as mesmas 500 pessoas (os eventos realizados pela ARCI para o BES muitas vezes chegam a ultrapassar esses valores, segundo o que me dizem os responsáveis da ARCI), mas custou se calhar... €250. E sabemos quem esteve lá. O inquérito feito a posteriori pode ser feito individualmente para cada um deles a custo negligível (basta enviar um "dispositivo de inquéritos" a cada avatar presente). O retorno (em termos do número de pessoas que irá responder) é efectivamente o mesmo, mas o custo da acção é (ou pode ser) muito inferior.
Isto significa que há, efectivamente, espaço para acções promocionais e de aumento do brand awareness usando o SL, que têm um custo/benefício muito interessante, desde que, efectivamente, se façam como deve ser. Em nada isto difere do que se faz no "mundo real".
O custo da construção de um "posto de turismo" da Estónia do SL foi negligível comparado com a criação do mesmo posto de turismo "de pedra e cal" (que inclui essencialmente uma exposição multimédia demonstrando o know-how altamente tecnológico dos engenheiros e artistas estónios, que é a imagem de marca desse país). Não sei por quantas pessoas foi visitado — milhares, provavelmente. Não "milhões" — mas nenhuma exposição semelhante de "pedra e cal" da Estónia atrai, em parte alguma do mundo, "milhões" de visitantes anuais. Serão muito provavelmente os mesmos milhares. No entanto, o custo da criação no SL foi infinitesimal comparado com o mesmo esforço usando tijolos e betão armado. A Estónia soube muito bem retirar o melhor rácio custo/benefício no SL através desta iniciativa (e foi, obviamente, muito "copiada" por vários outros países).
No entanto, não é menos verdade que a maior parte da utilização do SL feita por empresas, associações, organizações, universidades e outras entidades afins que estão no SL é muito diferente em 2008 — e só ocasionalmente tem sido puro brand awareness. Mas isso não é de admirar: a utilização do SL enquanto plataforma é realmente vastíssima... e difícil de definir o que é "melhor" ou "pior".
O que é perfeitamente possível, claro, é definir a forma correcta de abordar esse tipo de projectos, saber qual é o tecto do investimento que se está disposto a fazer, e ter, durante todo o processo, métricas que assegurem a eficácia do investimento — tal como qualquer outro projecto feito em qualquer outro meio. Ou, enfim, tal como qualquer outro projecto deveria ser gerido (pois de facto nem todos o são).
Assim sendo...
1) O BES (pegando no exemplo) é um dos "líderes de mercado" no seu mercado, cuja base é pequena. Do meu conhecimento, só foram emitidas 20 licenças bancárias e 20 licenças para-bancárias em Portugal (com a fusão de diversas entidades bancárias nas últimas décadas, obviamente que o número de licenças em "utilização" diminuiu). Apesar da base ser pequena (poucas instituições bancárias) é ridículo afirmar que ser-se "líder incontestado" do mercado de potenciais bancos em Portugal é "irrelevante".
É certo que se pode argumentar que a importância do mercado bancário não é medida pelo número de entidades bancárias licenciadas com alvará... mas pelo número de clientes. Ou, eventualmente, pelos valores facturados pelas entidades em questão. Ou pela percentagem do PIB. No entanto, isto é obviamente puxar os números que nos interessam. O SL, mesmo em Portugal, é "líder incontestado" no número de horas a que as pessoas utilizam determinado serviço em média), quando comparado com outros meios de comunicação online — ou, em certos casos, mesmo com outras formas de lazer, por exemplo. Rebuscando nos números, vejo que as pessoas ligam-se mais ao Second Life do que vão ao cinema — mesmo tendo em conta que há cem vezes mais pessoas que vão ao cinema do que as que se ligam ao SL em Portugal.
Mas tudo isto é apenas usar os números que nos interessam mais para argumentarmos — do ponto de vista de um cliente — o que é mais relevante para este. A Linden Lab, por exemplo, recentemente lançou um press release curioso, afirmando que eram um dos líderes mundiais enquanto fornecedores de comunicação usando VoIP medido no número de minutos de conversação usando esta tecnologia (8.5 biliões de minutos num ano). Foi um dado que me espantou!... assumindo que seja verdadeiro. A título de exemplo, o Skype tem cerca de 20 biliões de minutos anuais — a distância não é assim tão grande, já que o Skype tem 5 anos de existência enquanto operador VoIP, e o SL só um ano, e um vigésimo dos utilizadores registados. Por outras palavras, os utilizadores do Second Life usam vinte vezes mais comunicações por VoIP que os utilizadores do Skype — apesar de serem bem menos.
Isto é relevante? Sim, para quem esteja a usar o SL como plataforma de comunicação. Não, para quem o use para outros fins. No entanto (ao contrário do Skype...), o SL pode, efectivamente, ser usado para inúmeros fins — e a sua "relevância" enquanto "líder incontestado" vai depender essencialmente da utilização que se lhe dá — e do cliente final que o utiliza.
2. Contar o "número de pessoas que visitam a loja do BES às 2 da manhã de sábado" é tão relevante como perguntar quantas pessoas das que estavam presentes numa acção de beneficiência realizada pelo Dr. Ricardo Salgado abriram uma conta no BES. A meu ver, a métrica usada pelo BES para definir o sucesso dos seus projectos não é medida — de todo! — pelo número de pessoas que visitam o "balcão virtual". Lá está: estamos a aplicar a métrica errada à estratégia que o BES aplicou no SL, e, naturalmente, vamos chegar à conclusão errada do que o BES pretendia fazer quando colocou a sua presença virtual no BES:
E o que pretendia o BES fazer?... Não nos deitemos a adivinhar. Não foi criar balcões virtuais. Foi fazer o que a Rita Torres Baptista, Directora Coordenadora do Departamento de Marketing de Comunicação e Estudo do Consumidor do BES, afirmou claramente numa entrevista recente.
Podemos evidentemente contestar publicamente a estratégia do BES e emitir a opinião de que está toda errada. No entanto, o que é intelectualmente honesto, é avaliar o resultado do trabalho do BES usando o SL de acordo com a gestão de expectativas do próprio BES e não de qualquer outra. É evidente que podemos pegar em inúmeros exemplos de expectativas que foram goradas; talvez porque usaram as métricas erradas; talvez porque não houve uma estratégia correcta; talvez porque não existiu um plano nem uma abordagem de acordo com expectativas realistas; talvez, ainda, porque foram envolvidas entidades com conhecimentos inadequados ou insuficientes para o projecto. No entanto, neste caso concreto, só devemos analisar o projecto do BES de acordo com as metas que o próprio BES definiu, e nesse sentido, as conclusões que a Dr Rita Baptista apresentou publicamente, devem servir-nos de base para a discussão.
Deverás notar certamente que o "número de avatares por balcão virtual" não consta, de todo, das palavras da Drª Rita Baptista:
"Assim sendo, para o caso concreto do BES, o Second Life não tem grande impacto ao nível do negócio do banco, pois não temos mercado financeiro no Second Life. Há, pelo contrário, uma oportunidade para a marca, na Web 2.0., que emerge da tecnologia e da realidade das redes de social networking, onde podemos integrar o SL."
Penso que ela foi honesta ao afirmar que não foram criadas muitas contas novas no BES (nem esperavam que isso acontecesse) só pelo facto do BES ter um "espaço" no SL. O objectivo primordial pareceu ser explorar e investigar "[...] o futuro dos bancos [que] passa essencialmente por adaptar as suas formas de relacionamento com os seus clientes".
3. Eis um ponto em que todos concordamos: os media estão fartos do SL. Onde já não concordo com o @jd é quando afirma que o SL está "out" para os marketeers — estaá "out" para aqueles que apenas viam o SL como um método simples de gerar media splash mensurável com um retorno apreciável a baixo custo (que efectivamente apenas aconteceu em 2006/7, e o custo nem sempre foi baixo — mas, mais uma vez, o ratio custo/benefício foi positivo e interessante).
4. Outro ponto em que concordo: o Second Life é realmente uma experiência "menos boa" para o utilizador — múltiplos crashes, dificuldade de configuração, perde-se uma hora a perceber como funciona, etc. Numa sociedade do "imediatismo" (clicamos na televisão e ela acende-se; recebemos uma chamada no telemóvel e basta carregar num botão para estarmos imediatamente em contacto com ele), o SL é ainda "demasiado complicado" para o comum dos mortais. Mas o mesmo se dizia da Internet quando começou, em que tínhamos de saber a que velocidade comunicar com o modem, o número onde nos ligávamos, recordar inúmeras passwords, saber se tínhamos o proxy do browser bem configurado... etc. Fez parte do passado glorioso da Internet e já todos nos esquecemos dele. O SL ainda é "embrionário". Vai faltar muito tempo para carregarmos num botão e estarmos a trabalhar com ele como trabalhamos com um processador de texto ou um browser.
Nesse sentido, os "rios de cash para experimentar" devem, acima de tudo, ser investidos de forma inteligente. Se calhar a parte mais importante é justamente investir na melhoria dessa "experiência inicial". Ora isso é de facto uma crítica feroz (mas justíssima) a imensos projectos que possam, realmente, ter falhado porque não proporcionaram uma experiência inteligente.
Descobrir o segredo para o sucesso não é fácil. Pelo que vejo no projecto do BES, no entanto, a faceta de "ajudar os novos utilizadores a compreenderem a ferramenta" faz efectivamente parte do projecto como um todo — que envolveu, essencialmente, "novas formas de um banco comunicar com os seus utilizadore". Mas é preciso ensinar-lhes a comunicar — e a Nyne (entre muitos outros, claro) foi uma das que fez isso ao longo de todo o projecto.
Em relação ao comentário do @Miguel, concordo em absoluto que o SL é "um projecto de conceito"; concordo igualmente que "a maior parte das pessoas não veja grande potencial na plataforma" (basta olhar para os números), tal como a maior parte das pessoas não viam o potencial da Web em 1995. Concordo ainda inteiramente que o potencial da utilização do SL para plataforma (... de muita coisa diferente...) está por explorar. No entanto, faço uma ressalva. 2007 foi um ano de viragem: o ano em que o Second Life ou se afirmava enquanto solução única, ou sucumbia perante projectos concorrentes. Em 2007 não havia certezas. Haviam muitos rumores, dezenas e dezenas de projectos semelhantes (e concorrenciais), e um certo desânimo a partir do Verão de 2007, que marca "oficiosamente" o fim do interesse dos media no SL.
Em 2008, o panorama está completamente mudado.
Em primeiro lugar, já sabemos distinguir o Second Life da concorrência (em termos de tecnologias aproximadas): é a única plataforma com conteúdo integralmente gerado pelos seus utilizadores onde estes retêm a propriedade intelectual dos mesmos, e onde o licenciamento desta propriedade intelectual é transaccionável. Esta é, sucintamente, a descrição mais precisa do que distingue o SL de tudo o resto, Ficou bem claro que toda a indústria dos "mundos virtuais" (que engloba tudo, desde jogos online como o World of Warcraft até ter avatares em sites Web 2.0 como o Meez) está completamente afastada desta filosofia. Quem a compreende e explora inevitavelmente vai usar uma tecnologia "SL-compatível" (o melhor exemplo, claro, é o da IBM; mas existem — felizmente — muitos mais casos). O ponto de viragem foi primeiro a abertura do cliente SL (já perdi a conta de quantos clientes SL existem de momento; só "oficiais" — no sentido de serem distribuídos pela Linden Lab — são seis, acho eu, cada qual com o seu conjunto específico de funcionalidade, consoante a utilização dada. Mas sem serem oficiais, isto é, não distribuídos pela Linden Lab mas por terceiros — são várias dezenas). O segundo, a criação de uma plataforma servidor, denominada OpenSim, através de "engenharia reversa" dos protocolos utilizados pela Linden Lab (desenvolvimento este que não só foi plenamente autorizado pela própria empresa, como esta incluiu entre a lista dos programadores vários dos seus próprios elementos desde os primórdios). O terceiro, a demonstração recente da interligação de qualquer "grid" (conjunto de servidores correndo simuladores do mundo virtual) que use protocolos compatíveis com o OpenGrid Protocol. Há quem acrescente como quarto ponto justamente a introdução do VoIP (e a consequente entrada da Linden Lab no mundo dos operadores VoIP, bem no topo da lista dos maiores).
Tudo isto aliado a 14.5 milhões de utilizadores registados, estando em média 60.000 simultaneamente ligados (corresponde grosso modo à utilização média de uma Amazon.com ou eBay … embora ambas tenham muito mais utilizadores registados do que a Linden Lab), e transaccionando entre si cerca de um milhão de Euros diariamente.
Nada disto existe em nenhuma outra plataforma, tecnologia, projecto (existente ou futuro).
Agora a grande questão, claro está, é se existe verdadeiramente interesse num mundo virtual cujo conteúdo é integralmente criado pelos seus utilizadores. Toda a concorrência acha que não. A Linden Lab e os seus 14.5 milhões de utilizadores registados obviamente que são muito suspeitos a afirmarem o contrário, claro está.
Veremos quem tem razão. :)
Nota: Nada tenho a ver com o projecto do BES ou com a ARCI, embora claro está que o tenho acompanhado enquanto visitante e utilizadora do Second Life
Obrigado pelos inputs Gwyneth Llewelyn.
Concordo com parte do que diz e não concordo com outra parte, mas reconheço-a com bastante mais informação e prática do que eu.
Um dado que gostava que me desse se souber: qtos portugueses estão registados? E quantos estão activos?
Nota 1: A citação da Rita Torres Baptista não conta particularmente como base para credibilizar o seu raciocionio, já que é parte interessada no projecto.
Nota 2: O racíocinio que aplica ao SL para o comparar com a dificil Web de 1995 tb incorre numa falácia. Pode usar o mesmo argumento para qualquer novo meio.
Enviar um comentário