sexta-feira, 11 de julho de 2008

O primeiro beijo

Se há coisa que não reconheço aos nossos concorrentes é visão de negócio. Temos os que percebem de comunicação, os vendedores natos, os campeões das relações públicas, mas invariavelmente ler o mercado não é característica que abunde.

Daí que, neste cenário que traço, ainda mais surpreso fico com os últimos movimentos do Salvador da Cunha, da Bairro Alto, que, a meu ver, acerta nas duas jogadas consecutivas – uma ainda não terminada – que faz.

Primeiro tiro certeiro, a fusão com a Imago. A outrora referência no mercado está em queda, e os dois fundadores precisavam de uma estratégia que impedisse a implosão. A solução é boa para os responsáveis da Imago que encontram uma solução para a agência viver depois deles, e também para a Bairro Alto, que ganha maior dimensão e acrescenta bons clientes ao seu portfolio. O sucesso do negócio está mais nos ombros do Salvador, que é o driver da operação e é dos três o único capaz de comandar o leme.

Segundo tiro certeiro, o acordo com a Burson-Marsteller. O acordo garante mais clientes e acesso a know-how de uma das boas networks internacionais. Tenho dúvidas quanto à exclusividade. Por norma, a quantidade e qualidade de clientes que chegam por essa via não fundamentam os “economics” da monogamia. Para eu assinar esse acordo, era preciso a rede multinacional chegar à Portela com um saco cheio de clientes. Ou então, conseguir ver mais à frente…

E acho que o Salvador está a ver mais à frente. Está a namoriscar a Burson, enquanto digere a Imago. Se se portar bem, e se a Burson se portar bem com ele, pode ser que dê em casamento. Dentro de alguns anos o novo Grupo Imago/Bairro Alto dará origem à Burson Portugal. É esta a minha aposta. E prevejo que seja a do Salvador, a do Carlos e a da Madalena.

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