sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A coragem dos gestos *

O Governo português, fraco e submetido a qualquer pressão internacional, decidiu não receber o Dalai Lama, quando este passou por Lisboa.
Nicolas Sarkozy, ameaçado de boicotes a várias marcas e empresas francesas na China, não hesitou em se encontrar com aquele líder simpático e que o mundo respeita, sem grandes alaridos e de maneira discreta. Quem marca a agenda é ele e a França e qualquer pressão internacional tem a resposta que merece: nenhuma. Mas o gesto ficou.
Por cá, um estudo sobre a reforma institucional em Portugal – perspectiva das elites e das massas – diz que apenas 28,5 por cento dos eleitores estão satisfeitos com a democracia em Portugal.
O estudo não foi feito esta semana, pois então seria ainda pior o resultado. Lembro-me há uns anos atrás de um trabalho de um semanário que acompanhou uma sexta-feira de trabalho do “beato” Francisco Louçã no Parlamento. E tal como alguns, o líder do BE foi lá apenas assinar o livro de ponto porque tinha mais que fazer. Uma ida ao estrangeiro ou um “treininho” no Holmes Places da Defensores de Chaves, onde habitualmente cultiva o corpo.
Esta semana fica o incrível número de 31 por cento de faltas do líder parlamentar do PSD e mais uma debandada geral numa votação muito importante (a maior parte do PSD).
Depois de escutar as justificações e saber da justiça de elas, Manuela Ferreira Leite só tinha de engatilhar: «comigo, sem justificação, os senhores deputados que faltam não serão candidatos na próxima legislatura».
Manuela mostraria liderança e autoridade. Mas, por cá, não há destes gestos.

*Publicado hoje no OJE

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