Sou um apaixonado pelo mercado, pela livre concorrência, pela inovação, pela iniciativa, pelo jogo balizado por lei e ética. Sou contra imposições, contra preços tabelados, amarras que distorçam as nossas decisões.
Estarmos em concurso e alguém apresenta proposta pro-bono? Acho bem.
Avenças abaixo do valor médio do mercado? Não tem problema.
Estágios não remunerados? Nada contra.
Pacotes de comunicação? Be my guest.
Cada qual que use a estratégia e a táctica que sirvam melhor os seus interesses. A cada momento que se disponham peões, cavalos, bispos, torres e rainhas para alcançar o cheque-mate final, aquele que verga o rei, que faz dobrar o tabuleiro. Amanhã, outro jogo começa, e depois mais um, numa outra sala, com um outro cliente, contra outros concorrentes. É competição.
Não obstante a disputa por clientes, existem outras variáveis, onde alguns players ganham se estiverem alinhados. E nos recursos humanos estamos interessados em estar alinhados com alguns concorrentes. Será cooperação.
A falácia da composição faz-me saber que se eu estiver num estádio e me levantar, ficarei com uma melhor perspectiva da partida que se joga lá em baixo. Mas se todos os que estiverem sentados me imitarem ficaremos seguramente todos piores.
Na disputa por consultores acontece o mesmo. Se contratar alguém a um concorrente próximo ficaremos melhor, mas se o mesmo concorrente nos contratar um consultor para colmatar a saída do outro, ficaremos provavelmente os dois pior. Assumo aqui, neste exemplo, que os consultores se equivalem, e mesmo não se equivalendo terá de se pesar o que é ter um consultor adaptado versus alguém que precisa de tempo para ser aculturado e estar em condições de desenvolver o seu potencial.
Quero com isto dizer que pretendemos concorrer por clientes, em inovação, em lobby, em know-how, em serviço com todos, mas existem três concorrentes – a saber: Lift, LPM e CV&A – com os quais não espoletaremos uma luta por consultores. Não por altruísmo, mas porque sabemos que ficaremos pior na troca-por-troca. Todos ficarão.
Reprimam a acusação de cartelização que possam querer me endereçar. É estratégia. Nada mais. Além de a tornar pública, não farei um só contacto para persuadir algum dos três concorrentes.
Esta guerra por consultores não nos interessa. Não seremos nós a começá-la. Mas estamos preparados para ela.
Nota: A alteração da nossa estratégia quando e se acontecer será aqui relatada.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Coopetição
Publicada por Anónimo à(s) 15:28:00
Etiquetas: Coopetição, CVA, do fundo da comunicação, João Duarte, Lift, LPM, youngnetwork
6 comentários:
Caro João Duarte,
Antes de mais, parabéns pelo blogue que leio com atenção. Em relação ao post, saúdo a estratégia e a visão, sobretudo num ponto que me parece fundamental. Já trabalhei como consultor numa importante agência de comunicação a operar em Portugal e sei o quanto me repugna a estratégia de contratar recém-licenciados “a custo zero”. Isto é o que eu denomino de escravatura dos tempos modernos, pela qual felizmente nunca passei, mas que penso ser prejudicial até para a própria imagem do empregador. Infelizmente, casos destes proliferam e por isso deixava aqui um apelo para que agências como a vossa liderassem na alteração desta mentalidade.
Outra nota, já que estou de passagem. Enviei há meses um CV para a vossa agência. Fui chamado para um processo de recrutamento e não fui seleccionado. Qual a impressão que ficou? Equipa extremamente profissional que me contactou e recebeu com grande amabilidade e que teve a gentileza de, através de contacto telefónico, confirmar que não tinha sido aceite. Continuem a liderar no bom exemplo. Acreditem que estas práticas podem não ter consequências a curto prazo, mas vão ter um significativo impacto futuro (onde a Youngnetwork continuará, com certeza, a dar cartas).
Cumprimentos,
Luis
Caro Luís,
obrigado pelo comentário.
Ainda bem que foi aqui bem recebido.
Em relação aos estágios. Ainda que na YoungNetwork só haja estágios remunerados, não acho mal que existam estágios não remunerados.
No nosso caso pagamos, porque queremos o comprometimento entre as partes. O elo fica mais forte com trabalho-exigência-retribuição.
Abr.
jd
ps: e siga sendo nosso leitor. Obrigado. nos próximos dias continuarei no tema dos recursos humanos.
Caro João Duarte,
Obrigado pela tua resposta.
Concordo plenamente que a remuneração propicia as condições para um melhor clima de exigência de ambas partes.
Mas, qual a razão para concordar com estágios não remunerados? Repara que para um jovem formado na área da comunicação, a experiência profissional é imprescindível (aliás, como para qualquer outro, em qualquer outra área). Não se pode alegar - não estou a dizer que o fazes, mas outros fazem-no - que existe mão-de-obra que está disponível para, durante um determinado período de tempo, trabalhar sem qualquer retribuição monetária e, que portanto, isto legitima contratações deste tipo. Como é que eu podia exigir a um estagiário que tinha a tarefa de me auxiliar um empenho “beyond the duty” se eu sabia que nem para a refeição esse meu colega de trabalho tinha um subsídio? Como é que uma pessoa destas vive se não tiver um apoio externo? Um part-time à noite depois de uma jornada inteira de trabalho? São situações lamentáveis. O salário é um instrumento de dignificação da pessoa.
Bem, fico à espera de mais comentários sobre política de RHs.
E, finalmente, uma vez que trabalho como consultor na área das relações governamentais para uma farmacêutica, fica aqui a sugestão de publicarem o que a vossa agência tem perspectivado para a área de Public Affairs / Government Relations.
Um abraço,
Luis
Viva Luís,
é mercado. E há um trade-off. Pode valer a pena trabalhar sem remuneração se isso nos dá know-how, know who e reputação. Vejo-o como um investimento. Recupera-se mais à frente.
Uma história engraçada. Uma candidata a emprego disse ao Donald Trump:
"Vou trabalhar para si de borla um mês. Ao fim de um mês avalia. Se gostar fico, se não gostar não me paga nada."
Foi há muitos anos que ocorreu a conversa. A candidata é ainda hoje a principal secretária de Donald Trump.
Histórias da Carochinha "à americana" postas de lado, não posso deixar passar esta conversa.
Não concordo com estágios não remunerados. Entendo o argumento do investimento mas não é suficiente.
Aliás, o mínimo que um recém-licenciado que trabalha oito horas diárias deveria receber é o ordenado mínimo. É para isso que ele serve, para se estabelecer um mínino de remuneração que dignifique empregado e empregador, que justifique o investimento de milhares de euros numa licenciatura.
Não concordo com subsídios de almoço, transporte, etc. Concordo com um ordenado justo, tendo em conta a formação, o empenho e as horas de trabalho.
Todos sabemos que uma PME portuguesa (principalemte as agências de comunicação) estão em condições de pagar ordenados mínimos aos estagiários recém-licenciados. E esta "política" só pode trazer benefícios para todas as partes, porque se constrói credibilidade no tecido empresarial português. Que precisa dela como água.
Quando chegar a altura dos teus (JD) filhos começarem estágios, tenho para mim que serás mais sensivel a estes argumentos. :)
Bjs*Carochinha
PS: Falo à vontade porque sei que a YoungNetwork recebe os estagiários em condições muito acima da média do restante mercado.
Cara Carochinha,
também sou contra o salário mínimo ;)
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