Em Outubro escrevi isto
Agora, foi o New York Times a render-se à arte e aos predicados de José Tomás. Porque os espanhóis amantes dos touros, esses, já o tornaram um Deus.
A 5 de Junho, em Las Ventas, JT cortou quatro orelhas e saiu em ombros. No outro domingo ali voltava, e ninguém sabia, especialmente os mais próximos, o que ele ainda podia dar mais.
A sua imagem de asceta e fora do comum para os toureiros actuais que povoam as revistas “del corazon”, leva-o a não falar à imprensa desde 2000. Não reza à Virgem nem aos santos antes das corridas e, para espanto geral, não brindou nenhuma faena ao Rei que foi à Praça para o ver.
É um asceta que bebe Coca-Cola, não fuma, faz desporto – especialmente futebol -, come de forma austera, ouve música e lê poesia e livros de toureiros.
Não sabe o que é o “marketing”, mas melhor “marketing” do que vender a morte ao serviço da sua arte não há.
Esse domingo, então, três orelhas…e três cornadas, quase mortais, que o levaram à enfermaria em estado delicado como rezavam todos os diários espanhóis que fizeram manchete da sua lide, no dia seguinte.
Deixo uma parte da crónica do “El País”, em espanhol, que para quem tem emoções e gosta de poesia dispensa tradução: «La imagen de José Tomás, el cuerpo magullado, el traje ensangrentado, dolorido por la herida que llevaba en el muslo derecho, pero com las dos orejas en las manos, cruzando de punta a punta el diâmetro de la plaza camino de la enfermeria, y los tendidos, sobrecogidos, puestos en pie, al grito unânime de “torero, torero”, es de esas que permanecerán para siempre en la memoria de las 24.000 almas que asistieron ayer a una corrida épica que tuvo como protagonista a un héroe de película, revivido en torero de hoy, um mago del valor, capaz de hacer emerger las emociones más apasionantes del ser humano.
JT llegó a Madrid dispuesto a superar lo insuperable; es decir, a dejarse matar antes que perder la batalla contra sí mesmo. Y la fe que lo demonstro com una entrega absoluta, com una heroicidad sobrehumana y com un insuperable desprecio a la vida. Porque, ayer, JT estaba disouesto a morir. Y a punto estuvo de conseguirlo»
Resta dizer que JT, quando entra na enfermaria apenas dizia: «esto ya lo conozco».
O mito, a primeira lenda do toureio do século XXI tem uma marca: a da morte. E chama-se José Tomás.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Uma boa tarde para morrer
Publicada por Rui Calafate à(s) 15:31:00
Etiquetas: do fundo da comunicação, faena, José Tomás, Marca de Morte, marketing, Rui Calafate, Tauromaquia, touros, youngnetwork
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