O corrector do Word sublinha estas duas palavras a vermelho, mas elas estarão correctas dentro de pouco tempo. As consoantes que não dizemos apagar-se-ão na grafia das nossas palavras, segundo o novo acordo ortográfico, redigido há 17 anos.
Esta é uma das alterações. Desde 1911, quando ocorreu a primeira grande reforma ortográfica no nosso país, que esperamos uma unificação entre as várias formas que o português tomou com o passar dos anos. No início do século passado fez-se a reforma à margem do Brasil, e não tendo havido entendimento posterior, a grafia dos dois países divergiu.
Não gostamos de mudança. Não gostamos porque no imediato provoca-nos sempre desconforto. Dá trabalho habituarmo-nos a novos paradigmas. Mesmo que rapidamente fiquemos numa situação melhor que a anterior, o período de adaptação é incómodo. Por esta razão, na hora da mudança, como agora acontece com o novo acordo ortográfico, invocam-se muitos argumentos para deixar tudo como está.
A pertinência do acordo, segundo o livro “atual - O novo acordo ortográfico”, de João Malaca Casteleiro e Pedro Dinis Correia, deve-se a razões históricas, de lusofonia e pedagógicas. O acordo, por ratificar e que afecta apenas a grafia da escrita, fecha 100 anos de divergência e é essencial para unificar a ortografia de oito países e de dezenas de organizações internacionais, facilitando também a aprendizagem da própria língua portuguesa.
Ao todo existem no mundo mais de 200 milhões de pessoas a falar português, e devia ser hoje claro para todos que não ratificar o acordo – Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já deram o ok – seria um suicídio para o português de Portugal. Que peso teriam os nossos dez milhões contra os 160 milhões do país irmão? Participando garantimos algum voto na matéria.
domingo, 20 de abril de 2008
Ótima ação
Publicada por Anónimo à(s) 21:28:00
Etiquetas: do fundo da comunicação, joao duarte, João Malaca Casteiro, novo acordo ortográfico, Pedro Dinis Correia, youngnetwork
2 comentários:
O "peso do português de 10 milhões" deve subjugar a dignidade desses 10 milhões e a racionalidade de uma reforma? Toda dignidade tem um preço? A Razão é descartável em função de um bom negócio, por mais irracional que esse negocio seja? "Cágado ou cagado"?
Caro Orlando,
Percebo a utilização exaustiva de cágado ou cagado. Cágado continuará sempre a ler-se com acento, mesmo que o acento caia graficamente. Mas esta regra como disse num post à frente é a mais infeliz.
Quanto ao peso, à dignidade, ao negócio, posso-lhe dizer que o "seu" actual português e o "meu" actual português talvez não sejam dignos, não tenham peso, porque foram alienados em negócio, por volta de 1911, quando fizémos a primeira grande reforma ortográfica do português.
A evolução também faz parte da língua, que não deixa, no nosso caso, de ser digna, por ter evoluído do latim.
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