Estamos em 2015, e o mundo não acabou. Mas não acabou mesmo. Pelo menos da forma em como vivíamos até ao oitavo ano do terceiro milénio. Videntes de então garantiram que tudo estava em causa e que daí para a frente seria marcha à ré no bem-estar das populações com mais saúde e mais bem alimentadas da história da humanidade, leia-se civilizações ocidentais. Até ilustres economistas voltaram a falhar quando previram que essa, a crise de 2008 a 2010, era uma descida diferente, tão violenta que até comparada à Grande Depressão foi. Onde tudo iria faltar e nada nos iria sobrar. E o modelo, o capitalista? Em causa. A esquerda profunda viu aí a ténue esperança de ressuscitar o que caiu com o fim do Muro. Mas os sovietes não voltaram.
Logo, logo, foram chamados à acção Governos de todo o mundo. G20, reuniões de Primeiros europeus, Obama e companhia saltaram para o banco da frente e pegaram no suposto leme. Injectaram “massa” e mais “massa” na economia. Subsídios? Para todos. Obras públicas? Muitas. Quem paga? Olhem, mais tarde quando outros cá estiverem se verá. Pena que o contribuinte esteja sempre cá. E se não tiver, estão os filhos. O esforço, que estamos hoje, em Maio de 2015, a fazer para pagar os exageros de há seis anos é grande. Foi um condensar de asneiras.
A crise de então era muito mais conjuntural do que estrutural, era um ciclo negativo sem margem para dúvida, mais profundo do que os anteriores, mas era o sopé da próxima montanha, que voltaríamos a subir.
Felizmente, hoje, o mundo está diferente. Está melhor (exceptuando ainda estarmos a pagar para a conta da crise do início da década).
Uma mudança radical na forma de viver que registámos pela força do passado recente. E que nos tornou, enquanto civilização, e Portugal foi muito bafejado por estes novos ventos, mais aptos.
Ao contrário do que então fazíamos, deixámos de premiar os cinzentos. O controlo saiu das mãos dos financeiros e dos operacionais. Não foram eles que venceram a crise e nos recolocaram no carril da evolução. Foram os visionários, os inovadores, os empreendedores, os comunicadores, os que buscaram em Gates, Jobs, Bezos (obrigado pelo Kindle, Jeff), Page e Welch a inspiração.
Acabámos com o espírito pequenino. Largámos o certinho, o rapaz atilado, que introduziu um milhão de dados no sistema, mas que nunca perguntou porquê nem para que servia. Demos espaço aos mais livres, aos das ideias – organizadas – e com força para implementar e andar para a frente.
A vida não é feita apenas de pequenos momentos, da soma de pormenores. Ela é feita de grandes momentos. E é preciso ter a audácia de trabalhar para esses grandes momentos. Foi preciso espicaçar as novas gerações, tirando-as da zona de conforto. Elas sentiram que o futuro era delas, e que seriam elas a levar-nos até onde hoje estamos. Perceberam que queriam tentar as grandes vitórias, e estariam preparadas para algumas grandes derrotas, se necessário. Inspiraram-se e empenharam-se. O Governo nada podia fazer por elas. Mas, as próprias podiam. Tanto assim é, que conseguiram. Aliás, conseguimos. Todos. Por efeito catalisador, todos foram atingidos e mudaram.
E estamos surpreendidos e satisfeitos. Há em nós qualquer coisa de Tony Montana: “The World is mine”.
João Duarte
CEO, Grupo YoungNetwork
* Artigo publicado este sábado, 9 de Maio, no Semanário Económico, na coluna O Mundo em 2015. Link do artigo aqui.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
O mundo é meu *
Publicada por Anónimo à(s) 18:08:00
Etiquetas: do fundo da comunicação, joao duarte, Semanário Económico, youngnetwork
1 comentário:
Assim se abre mais uma caixa de pandora.
Será que não deviam fazer um novo programa de rádio com este texto como base para acordar algumas pessoas?
Algo do tipo “A Guerra dos Mundos” de H.G. Wells pela estação de rádio CBS.
Uma versão Alvim na antena3 para apanhar um conjunto de pessoas com espírito aberto...
Pode ser uma boa acção de marketing viral...
Acorda, sai de casa e faz este futuro...
Enviar um comentário