Uma das coisas mais intrigantes no nosso país é a falta de vergonha, a falta de preocupação com o futuro, o gosto pelo supérfluo.
Portugal é um país paupérrimo que continua a surfar na crista da onda. Vários sinais de endividamento, de pessoas que vendem casas, carros e hipotecam o seu futuro, mas um constante estado de espírito de alheamento.
É Carla Matadinho que pinta o cabelo e diz que está mais “sofisticada”, é Isabel Figueira que quer ter o peito maior ou Luciana Abreu que vai usar “calças e blusa” em vez de calções e decotes. É a novela roubada de Miguel Sousa Tavares e os estivadores que ameaçam Miguel Sousa Tavares.
É mais um punhado de histórias irrelevantes, o ópio de um povo que dá audiências a Tertúlias Cor-de-Rosa e a revistas “del córazon” com um jet-set que é apenas “jet 4”, falido, medíocre que sobrevive a pedinchar de festa em festa.
Portugal é um país frágil, sem soluções, adiado, sem perspectivas nem futuro.
Mas ainda mais enredado porque na oposição assistimos diariamente a um exercício de contabilidade. É tempo de dizer ao PSD que Portugal não são números, é gente.
Gente que precisa de uma palavra de alento, de esperança. Hoje, continua a parecer – e as sondagens assim o indicam – que o “vendedor de sonhos” continua a ser José Sócrates. Quando esses sonhos já não pegam.
Manuela Ferreira Leite – e os seus especialistas em comunicação – já descortinou que o silêncio foi um erro.
Está a tentar acertar, mas tem de fazer muito mais e melhor, porque o tempo passa e menos tempo há de voltar a acreditar numa alternativa.
* Publicado sexta-feira no OJE
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Portugal é gente! *
Publicada por Rui Calafate à(s) 09:57:00
Etiquetas: do fundo da comunicação, Rui Calafate, youngnetwork
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