A política portuguesa tem ciclos. Tem fases mais austeras e com maior autoridade - governos de Cavaco Silva, Durão Barroso, José Sócrates – seguidas de fase de maior emoção e afeição, António Guterres e Pedro Santana Lopes.
Parece que quando os portugueses ficam cansados de um pai, se voltam para a emotividade de uma mãe. São os ciclos e basta reparar como isso acontece por cá.
Na oposição a Sócrates, não há emoção nem afectividade, muito menos esperança. Manuel Ferreira Leite é ícone de uma austeridade com credibilidade (foi essa imagem que quis criar), mas muito pobrezinha de ideias e a rumar para o abismo do disparate, como o que aconteceu na semana passada.
Para quem viu alguns fóruns populares, os portugueses não reagiram tão mal como isso, pois o nosso país continua herdeiro de um conservadorismo salazarista que tem algum fascínio por ditadores.
Porém, o que é certo é que cada vez mais se sente que José Sócrates tem a vida facilitada à direita e só tem mesmo de se preocupar com a chantagem diária – com ameaças de saída do PS ou constituição de um novo partido – por parte de Manuel Alegre.
Além do mais, a política portuguesa vive uma austeridade emocional (expressão que retiro com a devida vénia a Ana Sá Lopes) que leva a que muitos eleitores ainda não saibam em quem votar.
Assim, a tendência será a abstenção, ou, como voto útil, votar em Sócrates, pois é preferível o certo ao incerto. A réstia de esperança ao mais frio dos infernos.
*Artigo publicado no OJE
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Austeridade emocional *
Publicada por Rui Calafate à(s) 12:52:00
Etiquetas: do fundo da comunicação, jose sócrates, manuela ferreira leite, politica, Rui Calafate, youngnetwork
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