Há pouco tempo falava com um empresário – que usa óculos – sobre a influência dos mesmos na política.
Hoje, políticos de óculos são animais em vias de extinção. Perguntava de qual político vencedor se lembrava nos últimos anos. E a dificuldade era grande.
Ajudei com Romano Prodi, apesar de ter sido um péssimo PM italiano e um vulgar presidente da União Europeia. E reforcei que, de topo, só Helmut Kohl – e tirou-os no final da vida política – e John Major.
Nos EUA, o último a usá-los a tempo inteiro foi Truman – nos anos 40 do século passado - e, mais tarde, episodicamente, Lyndon Johnson. Nestas eleições presidenciais, o único que os utilizou foi Rudolph Giuliani e com triste performance.
Aqui ao lado, Mariano Rajoy – de barba e óculos, uma combinação difícil em comunicação – já soma duas derrotas e quer continuar a somá-las.
O principal motivo técnico deste desuso em marketing político é simples de explicar. Em termos públicos, o político de óculos é o intelectual, respeitado, mas que não conhece a raiz dos problemas e não gosta de ir à “melée”. Explicando melhor: óculos dão consistência intelectual, mas tiram proximidade. E, hoje, numa sociedade mediatizada prefere-se a segunda.
Sócrates, nas últimas eleições, colocou um brilho verde – que não tem – nos “outdoors” e esse era o efeito de marketing que gerava essa proximidade.
Depois, com tanta repulsa que as sociedades vão tendo à actividade política, todas as barreiras são evitáveis. Os óculos são mais uma “fence” que pode ser evitada e os “marketeiros” não hesitam.
Morreram os óculos na política, paz à sua alma.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Os óculos na política
Publicada por Rui Calafate à(s) 15:54:00
Etiquetas: comunicação politica, do fundo da comunicação, Helmut Kohl, John Major, óculos, Romano prodi, Rudolph Giuliani, Rui Calafate, youngnetwork
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