Caros leitores, bloggers, clientes, jornalistas, consultores, o assunto tem pululado na Imprensa portuguesa de tempos a tempos: Deverá a RTP ter publicidade ou não? Gostava que partilhassem com o blog do fundo da Comunicação a vossa opinião. A ideia é fazer um apanhado de argumentos a favor e argumentos contra.
Podem fazer os comentários na secção própria deste blog ou enviando um email para joaoduarte@youngnetwork.net. No caso do email, enviem também uma nota se quiserem deixar o comentário de forma anónima (neste caso não citaremos a pessoa que fez o comentário).
Na próxima segunda-feira escreveremos um post a várias mãos, expressando nele os diversos argumentos enviados.
Conto com a vossa análise. Obrigado.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Deve a RTP ter publicidade ou não?
Publicada por Anónimo à(s) 14:58:00
Etiquetas: do fundo da comunicação, joao duarte, publicidade, RTP, youngnetwork
11 comentários:
Sinceramente...se for para termos mais um canal minado de novelas de há 15 anos atrás, "morangágens" que dizem representar a adolescencia portuguesa cheia de "papel", que passa a vida em festas e estuda (supostamente) em escolas privadas ou mesmo "floribelagens" que são "Ah e tal, olhem para mim pequenagem que sou tão boazinha gosto tanto dos passarinhos e borboletas e do sr. Frederico!!... :( que me obrigou a posar para a FHM...a sério!!", reality shows que nos surpreendam com a voz nada irritante da Julia Pinheiro, séries que metam empregadas domésticas que são tratadas como inferiores por "senhores Dó-tores" que se dizem "superiores", programas de música que falam de tudo menos música...Ah! Noticiários que perdem tempo a falar de tudo isto e que às vezes também dão notícias interessantes, programas com treinadores de bancada que se queixam do futebol e dos árbitos, e do raio mas que passam a vida em jantaradas e galas com presidentes dos clubes e depois vêm para a tv "atroparem-se" uns aos outros como se fossem miudos na primária a discutir uns com os outros do tipo, "O meu pai é mais forte que o teu!! È É!"...Sinceramente, sinceramente...venham daí mas é esses anuncios da OMO!
A minha resposta em
http://caldeiradadeneutroes.blogspot.com/
2008/02/tv-pblica.html
Olá João,
Parabéns pelo topico!
Tenho apenas uma pergunta...
De que forma a RTP rentabilizaria o seu negócio?
Existem apenas 3 canais de peso, logo, seria preocupante se os anunciantes apenas pudessem recorrer a 2!
A concorrencia dinamiza o mercado, baixa os custos e obriga a um melhor funcianamento.
E quem financiaria o funcionamento de toda a estrutura, os contribuintes?
A ideia de ter ou não ter publicidade numa televisão decorre da clássica separação entre conteúdos e publicidade propriamente dita. Era um tempo em que os espaços se encontravam separados e em que, em cada momento, o espectador sabia o que estava a ver, fosse por causa dos separadores, fosse por causa das profundas diferenças de linguagem comunicacional. Esse tempo já não existe, a não ser em algumas rádios locais amadoras. A publicidade e os conteúdos televisivos ditos tradicionais possuem hoje uma linguagem comunicacional, se não comum, muito aproximada, de tal forma que a própria publicidade chega a ser tratada como conteúdo televisivo. Falar em televisão sem publicidade é, pois e perdoem-me, uma patetice. E digo isto, seja para uma televisão do Estado ou para qualquer televisão privada.
Depois, temos também a ideia de que serviço público e publicidade se opõem, os bons conteúdos contra os maus conteúdos. Uma vez mais, hoje em dia isso não existe. E resta saber quem define os 'bons' e os 'maus' conteúdos. É, aliás, desta ideia de que deve ser definido um padrão de gosto que decorre esta 'oposição' entre conteúdos de serviço público e conteúdos de publicidade: os primeiros podem ser formatados aos padrões de gosto oficial, a publicidade não pode sê-lo, a publicidade é uma zona de intromissão da liberdade de criação.
Por fim, há que saber o que é isso de 'serviço público': uma medida do bom-gosto? E quem define a norma desse bom-gosto? As massas são por natureza abrutalhadas e imbecis? A questão central respeita à exploração directa, pelo Estado, de canais de televisão. O Estado não tem que ter canais de televisão, tal como não tem que ter rádios ou companhias de aviação, deve ser um regulador e não um protagonista.
Este tema é recorrente e parece, de facto, de difícil consenso! Contudo há dados que me parecem óbvios a acontecer nesse cenário. Por um lado, num pais com má gestão dos recursos públicos, o cenário da Rtp com recursos que não através da publicidade, significará aumento do peso dos encargos do erário público ou seja irá agravar o défice público. Por outro lado, passando a ser o Governo o único a investir na televisão pública naturalmente que irá querer retirar mais vantagens da sua posição em termos de gestão de informação comprometendo, sobremaneira, a imparcialidade da mesma.
Duarte Afonso,
«Por outro lado, passando a ser o Governo o único a investir na televisão pública naturalmente que irá querer retirar mais vantagens da sua posição em termos de gestão de informação»
E acha realmente que com o modelo actual a isenção está garantida? E com uma televisão totalmente independente do financiamento do Estado não haverá também tentações de controlo por parte de entidades não estatais? Claro que sim. Esse risco existirá sempre, seja qual for o modelo. Impossível de evitar. Portanto, acho que seria preferível tornar o sistema mais transparente do que perseguir a utopia de um serviço isento de pressões.
Olá João,
Costumo "passar" por aqui todos os dias e me deliciar com vossos textos, porém nunca comento! Mas há sempre uma primeira vez! Portanto, vamos à ela!
Li os comentários acima publicados e fui refrescar a memória em alguns sítios da internet pois já vi essa discussão em outro lugar (Brasil - acerca da mesma polémica na TV Cultura de São Paulo) e resolvi mesmo por me pronunciar.
Que eu me lembre a RTP, ou seus colaboradores, são actualmente acusados de receberem chamadas telefónicas directamente de gabinetes do Estado que supostamente interferem na programação da emissora. Isso mesmo com anunciantes de peso no horário nobre. Imagino uma questão: se a ideia de retirar a publicidade se realiza, o que irá acontecer dentro da emissora? Seus colaboradores passaram o dia a esperar que o governo mande e desmande na televisão e sinto informá-los, mas não é isso que vai melhorar a qualidade da programação.
Outro ponto importante é a receita gerada pela publicidade dentro da RTP. Lógico que alguns dos salários, ou pelo menos o dinheiro para se comprar o papel que é utilizado, sai da publicidade veiculada na emissora. Ou mesmo, como seria o desenvolvimento de novos projectos com qualidade indiscutível e com níveis de audiência altos (como o Conta-me como foi) se não tivéssemos o dinheiro da publicidade?
Actualmente também muitas das grandes empresas sabem que é necessário uma política de responsabilidade social e a publicidade da RTP, ao invés de ser rechaçada e aniquilada, deveria ser direccionada para esta área! Tão simples quanto isso, na minha opinião.
Assim não se perde as receitas que a publicidade atrai e nem se fica total e descaradamente à mercê do governo.
Flávia Paluello
Das ideias até agora expressas retiro 3 quase unânimes:
1-O Estado não é um bom gestor do dinheiro público (então porque é que o continua a gerir dava outro tema interessante);
2-A televisão pública inevitavelmente, com maior ou menor insistência, terá sempre tendência para ser manipulada pelo partido no poder;
3-O Conceito de serviço público e qualidade de emissão é vago e muito dificilmente consensual.
Destes 3 princípios resulta para mim uma conclusão óbvia: Para quê o serviço público de televisão? Ela oferece algo que os serviços privados ou canais Cabo não ofereçam já? Justifica manter uma televisão pública para passar programas que minorias vêm.
A minha opinião é clara. O Estado, como noutros sectores em que actua, deve ser regulador e não actor.
Olá João,
Não sou especialista nestas matérias...já sabe, para mim é mesmo mais o protocolo...
Bem, mesmo assim, permito-me achar que a publicidade faz parte integrante de um canal de televisão, seja ele público ou privado. Porque a publicidade tem uma componente lúdica importante e uma componente financeira fundamental.
Bom senso e boa gestão precisam-se! Sempre e em tudo!
Cristina Marques Fernandes
http://protocolo.com.pt
Bom dia. So queria saber porque não publicaram o meu comentário deixado na 5a feira passada.
Reescrevo:
Em primeiro lugar a RTP é uma estação de serviço publico. Como serviço publico é de interesse que transmita documentários, filmes, entre outros. Seria também interessante que investisse em filmes e tele-filmes portugueses, entre outras produções (devo dizer que a serie "conta-me como foi" é um bom exemplo de serviço publico). Este investimento em produções nacionais traz ainda o beneficio de empregar mais pessoas. Tendo isto em conta, um canal de serviço publico necessita de investimento, e se a publicidade o pode pagar e não o contribuinte, melhor ainda. Esse dinheiro que o contribuinte iria ser obrigado a pagar a mais (para manter um bom nível de serviço publico)pode ser canalizado para outros fins: seja em consumo, outros investimentos de interesse publico...
Vejamos agora a realidade de Portugal: em termos do serviço publico prestado, se com o financiamento da publicidade já não é o melhor, imaginemos apenas com o financiamento estatal; o desemprego cresce; as pessoas não têm dinheiro disponível para pagar mais impostos. Então onde vai o governo arranjar dinheiro para financiar a RTP? Principalmente numa altura de "apertar o cinto"?
Os canais cabo ainda cobrem uma parte pequena da população. Então os anunciantes ficam reduzidos a 2 canais. Por consequência o preço do espaço vai subir (lei da oferta e da procura), quando este sobe o investimento em publicidade televisiva desce (podia ser que assim os anunciantes começassem a melhor repartir os investimentos por outros meios por forma a serem mais eficazes - mas isso é outra discussão.
Pensando nisto tudo: não, não vejo o interesse em retirar a publicidade da rpt. Deixem-se de influencias da politica Sarkozy...
Cara Sof, não publicámos porque não tinha chegado até nós. Já mais do que uma pessoa se queixou do mesmo.
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