quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

"PR people" ou "Ad people"?

De Espanha vem a frase do dia na área da comunicação política, e vem transcrita na última página do “Correio da Manhã” de hoje.

«É uma estratégia 100% publicitária. Vamos vender Zapatero como uma Coca-Cola ou um modelo Dolce&Gabanna», diz o chefe de campanha do PSOE nas próximas legislativas, Juan Luiz Bastos.

Karl Rove defende o contrário, a propósito das eleições americanas, e eu confio mais em Rove. Mas este não deve cair muito no goto dos que tentam vender o “novo” ZP, o brand de Zapatero quando derrotou o PP. O “novo” produto que agora já não é “challenger” porque está no poder.

O primado da comunicação sobre a publicidade nos novos tempos da política tornou-se óbvio. A adaptação de perfis difíceis a novas realidades é a maior tarefa dos consultores de comunicação na área da política (explicarei melhor num post só sobre Rudy Giuliani).

Como é hábito em Portugal ainda estamos atrasados.

O animal feroz voltou

Na segunda fase do seu mandato, José Sócrates poderia ter um problema que a oposição e os seus conselheiros amadores não tiveram a habilidade de aproveitar.
Aqui escrevi que Menezes tinha uma mais valia face a Sócrates: o seu lado genuíno. O fácil contacto com as pessoas e a capacidade de emocionar e de se emocionar, sem esquecer a sua argúcia e capacidade política.
Mas numa “semana catastrófica”, como escreveu Ana Sá Lopes, para a sua imagem, provocada pela agência que contratou, Menezes tornou-se o homem de plástico, a marioneta, e foi uma vez mais trucidado pela imprensa.
Sócrates, tinha, então, fraquezas não exploradas pela oposição: ser frio, distante, ter laivos de ditador (o que para o povo português até é positivo), irrita-se e não ouvia as pessoas.
Numa manobra, mais uma, muito bem articulada, Sócrates colocou na capa do Expresso uma foto de Correia de Campos e a frase: «os portugueses começam a compreender a minha política de saúde» (tudo menos um testemunho de saída).
Fez contar que o titular da Saúde estava reforçado e não era remodelável e que S. Bento o ajudava, e o DN ainda contava que um assessor de imprensa do PM, profissional, estava no próprio gabinete do ministro para também o ajudar a recuperar.
Depois, com tudo previamente pensado, aceita a demissão do ministro porque, nas suas palavras, «compreendeu a preocupação das pessoas, nomeadamente com o serviço nacional de Saúde». O tal homem frio, distante, irritado, ganha o lado humano e ganha outra vez o controlo da agenda política.
O animal feroz voltou. E o poeta foi amansado.