sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Duelo no Texas

Queria ver este duelo. Fascinante, preparado até ao milímetro.
Por isso, a cara de Obama, a olhar para trás para o seu staff, para saber se ainda falava, no debate da CNN/Univision, foi um momento interessante.
Obama sentiu naquele momento, que Hillary lhe roubou a cena na última declaração.
A pergunta era: qual a maior crise por que já passou? Hillary, abre com humor: «vocês sabem que já passei por muitas crises», mas termina a contar como é abençoada ao ver outros que entram nos hospitais para serem tratados. Quase que se emocionava, como aconteceu, eficazmente, no New Hampshire.
Os comentadores disseram que foi o melhor debate de Obama e que Hillary sempre se sai bem neles.
Gloria Borger da CNN diz que foi a primeira vez que Obama vestiu o fato de “commander-in-chief”. Mas eu que nunca gostei de Hillary, e que já escrevi que ela era a “Lady Macbeth”, provou ontem uma coisa que eu gosto nos políticos: paixão pelo poder. E, de facto, ela está muito bem preparada.
Mas o “momentum” e a revolução cultural da esquerda é Obama. Muitas Cassandras – acho que todas – se enganaram no confronto final. “Mea Culpa” também, mas pelo menos não perdi um jantar no “Gambrinus” como Vasco Pulido Valente. Que apostou com Mário Soares que o próximo Presidente dos Estados Unidos seria Mitt Romney.

A velha Itália

Na península da bota vive um dos mais belos e atraentes países do mundo. Mas que parece parado há muitos anos.
Esta semana a “Newsweek” fazia capa com o lixo que invade, sobretudo, Nápoles e altera a face desse país sexy que é Itália.
Tem a taxa de natalidade mais baixa da Europa e continua a ser governada por uma geração de gerontes. Os mesmos que se sucedem há anos no poder sem conseguir formar um Governo estável e duradouro.
Se já passaram à história Craxi e Andreotti, a vaga de Berlusconi ainda está viva. E ele é bem o símbolo dessa Itália. Com solário, implantes de cabelo e branqueamento dos dentes, o facto é que ele tem 71 anos de idade. Não parece, mas tem. Tem apenas menos um ano que John Mc Cain, que dizem que é muito velhinho para governar um Estado.
Logo, a esquerda que fez um “re-brand” e se modernizou, e agora está aglutinada no Partido Democrático, sob a égide do super-popular Walter Veltroni, apanhou a boleia de Obama e lançou o “Si, puo fare”, a tradução do “yes, we can”.
Mas Veltroni que só fala em “mudança” nos seus comícios, foi mais longe. O sistema eleitoral é diferente do nosso, e, lá, Veltroni candidatou-se em três círculos eleitorais com um sinal positivo. Ele vai nos três em número 2, porque a encabeçar a lista vão jovens com menos de trinta anos.
É a renovação em marcha, uma nova geração que se quer agarrar, uma mudança de estilo num país anquilosado que só vibra com a “squadra azurra”, o “cavalinho rampante” e algumas marcas de roupa que os jogadores de futebol são pródigos em exibir.
A revolução cultural da esquerda está em marcha. Obama deu pontapé-de-saída e vamos ter muitos Obamazinhos à solta por aí.
Até já Sócrates diz: “sim, nós podemos”…