sexta-feira, 11 de abril de 2008

Jorge Coelho

Confesso que sempre simpatizei com Jorge Coelho.
Ao longo dos anos moderou a imagem, seguindo o politicamente correcto do marketing político, mas nunca moderou as emoções.
Os seus amigos adoram-no, os militantes socialistas acham-no fundamental e a alma do PS ainda depende dele.
Quando era jornalista que acompanhava o PS, nas iniciativas Governo em Diálogo, havia sempre um jantar de Guterres com os presidentes de câmara do distrito que visitava.
Jorge Coelho, e o seu assessor António Capinha, optavam por jantar com os jornalistas. «É mais divertido com vocês e já conheço os autarcas todos», dizia-nos, bem disposto. Lembro-me bem do serão na pousada Flor da Rosa, no Crato.
Ele era a corrente de transmissão dos militantes a um PM que gostava do diálogo, mas que por vezes estava distante das bases do PS.
Quando era director da Política Moderna, fiz-lhe a última entrevista, que foi capa, enquanto ministro. Dois dias depois, caía a ponte de Entre-os-Rios e Coelho abandonava o Governo. Ficou muita obra por fazer e que na altura ambicionava e me mostrou.
Manteve a discrição nos grandes palcos, mas bastava espreitar um congresso do PS para se saber que o mais aplaudido era ele.
O PS vai sentir a sua falta com a ida para a Mota-Engil. E Coelho vai perder alguma magia e um toque de pitoresco que sempre quis manter.
Carlos Andrade perguntou bem: «estão a contratar uma gazua, ou um homem extremamente competente?». Eu diria, as duas coisas.
Mas quando a construtora ganhar alguma coisa, instalar-se-á logo a dúvida de como o conseguiu.
Jorge Coelho político é Anakin Skywalker. Jorge Coelho gestor terá um lado Darth Vader. Como é que ficará para a história?