segunda-feira, 23 de junho de 2008

Congresso de Guimarães: Faltou a ALMA (V)

Acima de tudo, neste Congresso, faltou alma, emoção e mais teatro. Os portugueses habituaram-se a isso no PSD. Se não há – e ainda por cima com um campeonato europeu e boa praia – não há audiências.
Por isso, ou volta o circo ou tem de se mudar esta organização, que se torna maçuda e em três dias apenas apresenta 4 momentos emocionantes.

Congresso de Guimarães: Melhores momentos (IV)

Manuela aposta nos silêncios, como tinha escrito. Traz respeito mas nenhum entusiasmo. O optimismo forçado para 2009 de alguns dos seus, foi muito mal disfarçado, mas vamos ver.
Ribau Esteves fez um bom discurso, mas por ter pouco perfil nacional ninguém o disse. E foi o primeiro a questionar as obras públicas prometidas pelo Governo.
Pedro Rodrigues, líder da JSD, dos mais ovacionados, relembrou Sócrates há uns anos atrás quando disse em entrevista: «não tenho o talento e as qualidades que um PM deve ter». Foi das «poucas vezes que falou verdade», como acentuou com graça o líder da Jota.
Pedro Passos fez brilhante discurso e aquilo que faltou dizer – ou melhor, que eu diria – foi que hoje já não esquerda e direita, mas sim passado e modernidade. Passos é a modernidade e o futuro. E ainda venceu outro desafio pessoal, que foi o magnífico resultado para o Conselho Nacional.
Pedro Santana Lopes esteve bem a falar de alguém muito esquecido e que merecia mais respeito dos congressistas: Luís Filipe Menezes. Deu alfinetadas e levantou a reunião magna quando disparou sobre os profetas da ética política. Vai aguardar estes tempos e ficar vigilante.
Ângelo Correia em grande estilo, A política também necessita de discursos daqueles.
Zézé Camarinha foi uma presença surpresa. Porque houve uma moção sobre turismo que criticava o actual Governo por deixar o Zézé Camarinha ser uma das bandeiras (hasteadas, presumo) da promoção de Portugal no estrangeiro. Foi o mais ridículo…

Congresso de Guimarães: Momento “Torero” (III)

PSL subiu engripado, voz trémula, mas morto por rebentar algumas figuras que, apesar de eleitas, não são apreciadas pelo povo social-democrata.
Quando fala em ética da política, o alvo era António Borges.
PSL muito aplaudido como sempre disparou e ficou a olhar – cerrado – durante longos segundos a observar um amedrontado Borges que, completamente encavacado, nem levantou os olhos.
Se alguém tinha dúvidas sobre o futuro político de Borges, aquela imagem mortífera de um desafio que não teve coragem de enfrentar diz tudo.
PSL, citando Esperanza Aguirre, também no congresso do maior partido de oposição espanhola, continua a ser «um verso solto dentro do poema». E assim continuará, é o seu espírito, é a sua ALMA.

Congresso de Guimarães: A saída de Cícero (II)

Hoje em dia, vê-se Ângelo Correia como um empresário, presente em conselhos de administração de muitas empresas. Tinha-se esquecido o velho Ângelo (juntamente com António Vitorino, os dois primeiros colunistas da revista que dirigi), culto, tribuno, orador de excepção.
Há muito que estava fora dos palcos de que gosta. Só quem não o conhece não sabe que, aqueles momentos em que lança palavras para uma assistência atenta e sedenta de discursos “à política”, são dos que mais adora.
O homem que canta árias de Wagner – em alemão – em casa, citou S. Paulo: «combatei sempre! Mas pelo bom combate!», falou latim para uma jornalista da RTP que não percebeu nada e fez uma saída de Cícero – o grande orador romano – aplaudido de pé e com um congresso rendido à sua ALMA.
Coisa que não se ouviu falar por aquelas terras.

Congresso de Guimarães: O PSD e os astros (I)

A não ser ter feito uma capa, em 2000, que lançou o combate no Congresso de Viseu entre Durão Barroso, o “está escrito nas estrelas» (era assim a capa) Pedro Santana Lopes e Marques Mendes, não tenho muito jeito para questões astrológicas.
Na sexta-feira do congresso, uma amiga dizia-me, a propósito de outras coisas, que essa sexta era boa.
Porque o «solstício é óptimo – lua cheia, ou seja, antigos assuntos concluídos e novos princípios».
Fiquei a aprender e, de facto, os velhos assuntos encerrados e novos princípios, de Manuela e Pedro Passos, sempre cuidadosamente enquadrados no domingo – quase como uma sucessão natural – pela realização da SIC-Notícias.
No meu “mapa astrológico”, que tem acertado na maior parte dos líderes ( desde o pós-cavaquismo) – com a excepção de Fernando Nogueira, esperava a vitória de Durão – Pedro Passos Coelho tornou-se a “next big thing” do PSD.
Para quem conhece congressos de diversos partidos, o termómetro da sala estava bem afinado.