segunda-feira, 30 de junho de 2008

Manuela e as agências de comunicação

O ódio de Manuela Ferreira Leite pelas agências de comunicação é tão incompreensível, quando o seu pai espiritual (Cavaco) foi eleito com a ajuda de uma.
Bastava ver a primeira semana pós-congresso na imprensa para perceber que, Manuela, na comunicação, sem protecção, vai ser neve num país tropical.
Os tempos são outros e até Cavaco Silva percebeu isso.

“Os meninos de ouro”

Esta semana fomos bombardeados com “meninos de ouro”.
É a biografia autorizada de José Sócrates com este nome e foi Paulo Rangel assim também apelidado pelo Expresso. Qual deles, afinal, será?
O primeiro “bambino d`oro” de que ouvi falar foi uma lenda da “squadra azurra”, Gianni Rivera, um ícone do futebol italiano dos anos 70.
Mas os verdadeiros “meninos de ouro”, os que recomendo são os que se encontram nas páginas de um livro genial de uma das nossas maiores escritoras, Agustina. Sempre a revisitar na edição da Guimarães.
«As doenças não só são as viagens dos pobres, são também as escoriações belas dos ricos»; «quando se localiza o medo de alguém tudo é permitido»; «as pessoas são acometidas de um desejo desmesurado de se relacionarem com o seu próprio retrato, mas retrato infiel, só que implacável na sedução que exerce».
«Todos queremos ser o que não somos», escreve, nos seus “meninos de ouro”, Agustina.
É para isso que servem biografias autorizadas e panegíricos na imprensa.

Nova agência quer relações com investidores

Vai surgir uma nova agência no mercado português, especializada em relações com os investidores. A empresa terá uma estrutura pequena e atacará no PSI20. Pelo que sei de fonte próxima do processo, os fundadores serão dois, e com bastante experiência em comunicação. Um deles saiu de uma cisão há bem pouco tempo, enquanto o segundo é um ex-director de jornal.

Nomes espertos

“Amanhã não me posso reunir consigo, é que às quartas estou na universidade.”

“A minha empresa está sedeada no Taguspark…”

“Trabalho em biotecnologia.”

“…o meu colega da Católica…”

“…agora estou na Jerónimo Martins…”

“Vivo na Expo.”

Há nomes que contêm em si muito informação, pelo que é usual utilizarmo-los com muita frequência nas nossas conversas. Podemos chamá-los de espertos porque funcionam como marcas e agregam um conjunto de informações sobre pessoas e/ou empresas, que queremos passar aos receptores.

Em termos de imagem não é a mesma coisa uma empresa ter morada na Quinta da Fonte ou em Tercena, assim como não é a mesma coisa dizer que se trabalha na Sonae (ainda que como estagiário) ou na Madeira Silva & Irmãos (como director).

Estes nomes, que são marcas, e que são espertos, têm tendência a surgir com naturalidade (!?) nas primeiras conversas que temos com os nossos interlocutores. É uma forma indirecta de nos posicionar, impulsionando o nosso estatuto.