segunda-feira, 23 de março de 2009

A semana *

Sexy

Segunda 16 No rescaldo da Moda Lisboa, registo a frase de Ricardo Preto. O estilista português resumiu a tendência actual da moda: sexy, mas sem ser ostensivo. O que vestimos é uma já antiga, mas actual, forma de comunicação. Em ano difícil, as empresas deverão “beber” do mesmo conselho para falar com os seus públicos. Sóbrias, mas sedutoras.

Não desperdiçar uma boa crise

Terça 17 Contracção do PIB mundial certa para 2009, uma novidade para a maioria dos vivos. Mas não esquecer a grande evolução dos níveis de bem-estar no mundo inteiro nos últimos 50 anos. Fundamental para manter a cabeça no lugar. E perceber a oportunidade única que estamos a viver: agora que todos enfiam a cabeça na areia, é mais fácil empreender, inovar e passar a mensagem. “Quando todos forem gananciosos tenha medo. Quando todos tiverem medo seja ganancioso”, manda Warren Buffet.

Obama sem graça

Quarta 18 O recém-eleito presidente dos Estados Unidos já tinha avisado que a economia americana “ia ficar pior antes de ficar melhor”. O que não contava é que a sua brilhante retórica, que ajudou a colocá-lo na Casa Branca, não esteja a ajudar. Apesar do discurso pastoral que tão bem nos soa, não se distinguem quais as suas prioridades, tal a densidade da agenda. Com o Dow a cair mais de 1.500 pontos desde que foi eleito, resulta claro que o clima de desconfiança permanece. Obama terá de simplificar, e direccionar a mensagem para um ou dois grandes temas. Emprego e Banca são a chave.

Nossos

Quinta 19 Durão Barroso recolhe apoios. Gordon Brown já aprovou, Merkl é amiga e já só falta Sarkozy para fazer a tripla. Para um país que não lembra a ninguém, porque ninguém se lembra dele, é importante manter um dos nossos debaixo dos holofotes. O presidente da Comissão Europeia foi notícia de capa do Financial Times, apelando aos Governos para novas medidas caso ainda tenham margem, nomeadamente no emprego e na requalificação das pessoas.

Gran Torino

Sexta 20 Excelente fita realizada pelo último dos clássicos. Um retrato da América, conservadora, apesar de construída por tantos diferentes povos. Eastwood não gosta de truques nem precisa de sofisticação na produção. Dêem-lhe a câmara que ele conta a história, tal como ela é. Em Gran Torino, lemos o último capítulo de Dirty Harry. E que brilhante final para um herói americano.

* Análise da semana, publicada dia 21 de Março, no semanário Sol (pdf da notícia aqui).

Paródia (ii)

Outro ponto importante na estratégia de comunicação de Barack Obama: não se percebe porque é que continua em campanha eleitorial. Continua a falar como se estivesse na corrida para as presidenciais. O lugar já é dele, pelo que pode sacrificar o sorriso, manter a determinação, mas direccioná-la para um discurso duro, claro e simples. Manter ou subir os seus níveis de popularidade é um objectivo do qual pode, por ora, abrir mão.

Paródia

Obama visitou Jay Leno, o que lhe garantiu contacto com cinco milhões de americanos, para passar a mensagem. Contudo a audiência é o princípio de tudo, mas não é tudo. O enquadramento da mensagem também conta, mais ainda, neste caso, em que chegar à audiência é tão fácil, pela posição do emissor.



Apesar de incluir no discurso as dificuldades que o momento económico traz, e a receita para ultrapassar a crise (embora a receita ande a ser mal explicada, com os mercados a não reagirem positivamente ao discurso e ao plano de Obama para revitalizar a economia), o que fica é o humor e a boa disposição do jovem presidente. Aliás, outra coisa não seria de esperar quando o cenário é o programa de Jay Leno.

Em momentos críticos, não queremos ver o nosso general a rir ao mesmo tempo que nos diz que são tempos difíceis os que vivemos, tampouco ser persuadidos a reagir, entre duas situações engraçadas vividas na Casa Branca. É preciso firmeza numa mensagem clara, e maior formalidade na escolha do local.

A entrevista com Leno ficaria melhor lá mais para a frente, mais perto das próximas eleições. Assim, serve o sinal de Obama para dizer que tudo continua na mesma no "american way of life".