sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Patetice de ouvido

Ouve-se cada patetice.

Lá porque saem pessoas do Grupo, muitas com valor, e que assumem posições noutras empresas, um ou outro analista de sofá comenta que vamos ter cisão ou vamos sofrer uma sangria de talentos ou de clientes. Agora é que é.

Para não terem desilusões, porque nós somos chatos, chatos, chatos, que tal algum empirismo?

De quando em vez deixo aqui uma ou outra opinião sobre gestão, não retirada do saco da teoria, mas da experiência prática de quem gere um pequeno grupo de 80 pessoas (Portugal e estrangeiro).

Aqui ficam as de hoje:

1. O que faz uma empresa não é o João, o Manel das Iscas ou o Zé das Osgas. Uma empresa é muito mais do que isso.

2. Depois, deve-se analisar qual foi o sucesso de quem sai durante o tempo que cá esteve, para fazer alguma futurologia, se é que ela interessa. E já sairam pessoas que apresentaram bom trabalho, outras um razoável trabalho e outras que mais uma vez (apesar do nosso oportunismo de tentar reabilitá-las a baixo preço) voltaram a falhar.

3. Uma empresa funciona pelo conjunto das pessoas, que formam uma equipa. E acima disto tem de haver modelo organizacional. Ver caso da administração pública: não é a qualidade das pessoas que está em causa (ou não é só), é sobretudo o modelo organizacional que é errado.

4. Os modelos não são copiáveis de umas empresas para as outras porque há demasiadas variáveis em jogo que não se observam facilmente.

5. Mesmo que se copiem métodos e processos, quem sai fica com os métodos e processos de ontem. As empresas têm o desafio permanente de se reinventar.

6. De qualquer maneira, sempre que possível, copiar o que é bem feito.

7. As pessoas tentarem a sua sorte noutras agências é o mercado a funcionar. O sucesso da YoungNetwork aguça o apetite.

8. Jogar ao jogo do gato e do rato, com quem é maior é um erro estratégico. Porque desecandeia hipoteticamente uma guerra de preços: nas avenças, para baixo; nos recursos, para cima. Nas avenças e nos recursos, enquanto fomos ratos, nunca o fizémos. Era suicídio. Se é para jogar este jogo, quem tem mais recursos pode jogá-lo durante mais tempo.

E por aqui me fico, desejando sorte a quem está noutros projectos, e tendo um bocadinho a arrogância de dizer que os melhores que por cá passaram, por cá continuam.

Os resultados alcançados ano após ano, à vista de todos, carimbam esta minha pequena arrogância.