quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

«Vamos dar tudo, gente»

Às vezes, ao ouvir este incentivo de um personal trainer numa aula de RPM, pergunto-me quantos dos colegas na arte de tentar suar o máximo já sabem que o Governo se preocupa com eles.
Pois é, o Governo, bem, aposta na prática física para melhorar a qualidade de vida dos portugueses. Para isso, decidiu legislar a redução do IVA dos “health clubs” de 21 para 5 por cento.
O problema é que os frequentadores de ginásios – no meu caso a cadeia “Holmes Place” - já receberam uma cartinha a anunciar os ”acertos anuais” nas mensalidades.
Assim, perguntei a uma recepcionista o que queria dizer esse acerto. Respondeu que seria o habitual aumento de todos os anos. Mas a o IVA baixou 16%, disse eu.
Aqui, o erro de marketing é dos ginásios, que se anunciassem uma pequena redução continuariam a ganhar milhões e não ficariam sujeitos a processos. Coisa que o Estado devia desencadear contra os violadores da sua lei.
De contrário, continuaremos a «dar tudo» sem mensalidade mais baixa, ao contrário do que o Governo pretende. E sem mais «gente» nas aulas, porque os preços aumentam pela cartelização do sector. Digam lá que estes cavalheiros não precisam mesmo de um processozinho por fraude fiscal?

Vai um cigarrinho?

Não posso deixar de questionar a total falta de questionamento acerca da nova lei do tabaco que entra em vigor dia 1 de Janeiro.

“Cadê” as manifs na rua? A ode à liberdade dos fumadores nos Media? O debate na TV? A discussão pública e privada?

O que justifica o avançar desta lei fundamentalista (e digo fundamentalista sem qualquer tom depreciativo) de forma tão pacífica?

A sua comunicação. Ou neste caso, a falta dela.

Têm sido recorrentes as medidas governamentais tomadas nesta e noutras áreas, que se fazem de mansinho, sem levantar grandes ondas e comunicando o mínimo dos mínimos, a ver se passa despercebido…

Como profissional de comunicação e colocando-me do lado do Governo, percebo esta estratégia. É mais simples, mais rápido, mais eficaz. Mas também somente possível porque o país está numa espécie de entorpecimento mental que há-de ser diagnosticado e tratado. No entanto a médio prazo, e esperando que acordemos todos deste estado (quase) vegetativo, não comunicar, de forma recorrente, em democracia, nunca foi opção. Ou será que é?

Entretanto e para queimar literalmente os últimos cartuchos, vai um cigarrinho?