quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A lei do cardeal Richelieu

Considero Armand-Jean du Plessis uma das figuras mais fascinantes da história política. O cardeal Richelieu ficou muito mais conhecido como uma figura mesquinha e intriguista desenhada por Dumas nos “Três Mosqueteiros”, mas ele foi um genial homem de Estado e da Razão de Estado.
Este fim-de-semana li o seu “Testamento Político”, com um magnífico prefácio de Diogo Pires Aurélio (um grande analista político há muitos anos no “Expresso”, no tempo da mítica “Revista”) e editado pela Temas & Debates, e partilho com os leitores algumas ideias que não são só de política, mas que se aplicam a outras ciências.

«Em política, o ser é intrinsecamente um modo de aparecer».

«A guerra é justa para aqueles a quem é necessária».

«O homem mais hábil do mundo deve escutar frequentemente a opinião até daqueles que considera menos hábeis do que ele».

«De todo o tipo de conselhos se tiram benefícios; os bons são úteis por si mesmos e os maus conselhos confirmam os bons»

«É a cabeça, e não os braços, que governa e conduz os Estados»

Conhecer o povo

Já escrevi que o marketing e a comunicação têm preceitos universais, mas depois a sua aplicação varia consoante a cultura e a tradição dos povos.
O caso mais visível do ano passado foi o que se passou em Itália. Walter Veltroni copiou integralmente a campanha de Obama, apoiado no slogan “Si, puó fare”. Foi dizimado e a esquerda ainda perdeu o seu reduto seguro que era Roma.
Ali, em Itália, como relatava o “El Mundo” deste sábado com um grande perfil – macho latino – de Sílvio Berlusconi, a sociedade é diferente e convive bem com este tipo de declarações: «durmo três horas por noite e dedico outras três horas a fazer amor», Berlusconi dixit.
No Brasil, numa atitude que motivou grandes protestos, durante o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, Lula atirou para a multidão preservativos.
Em qualquer parte do mundo não faltariam os críticos de tais aforismos e de tais gestos, mas o que é certo é que estes líderes compreendem o povo e alma dos respectivos países. Resultado: Berlusconi é PM e Lula tem 86% de popularidade quase no fim do segundo mandato. O melhor score de sempre.
É sempre importante estar sintonizado com o que o povo gosta, compreendê-lo, aprender a conhecê-lo.