sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Iowa 2 - discursos depois dos resultados

Huckabee – “This election is not about me, is about we”. “We the people are the ruling class in America”.
Muito conservador, sem muitas explosões de alegria, com Chuck Norris por trás, e dando a bicada assassina em Romney, ele que foi vítima da maior campanha negativa em televisão por parte de Mitt: «more important than raise money is to raise hope, to raise dreams». A revelação de que a direita conservadora condiciona totalmente a contenda republicana, com o crescimento deste pastor evangélico, no último mês, de mais de 25%.

Obama - George Clooney dizia que ele era uma estrela de Hollywood. E bastava ver o seu discurso de vitória, para se perceber o frenesim que rodeia uma “movie star”.
“We are one nation, one people, the time for change has come”.
“Ordinary people can do extraordinary things: We are ready to believe again”. E sempre com 90 % da assistência branca para não meter medo à América conservadora.
E no seu “site” (o melhor de todos os candidatos), hoje, já estava: “build the momentum: change is coming”.

Romney – Ambiente lúgubre nesta campanha. Aliás, Mitt Romney foi o único que passou o microfone à mulher, durante o discurso.
“Washington is broken”. “We need new faces in Washington”. Esta foi a pedra de toque de quem salientou que Obama, Huckabee e ele, nenhum era de Washington, eram “new faces”.

Edwards – O arranque diz tudo: “status quo lost and change won”. Falou de uma “wave of change” e no púlpito estava: “your time is now”.
É o candidato que desce à América de Roosevelt e de Truman e que pega em casos humanos, pessoais e familiares, como o do seu pai e da sua mulher para falar de uma sociedade de valores mais justa, que respeita a classe média. É em termos oratórios o mais próximo da criação do sonho de JFK.

Hillary – sempre artificial, forçado, mesmo com a presença de Bill e de Madeleine Albright, a multidão a gritar “Hillary”, “Hillary”, parece que não há envolvimento total com a candidata.
No entanto, ela sente-se a mais bem preparada, a melhor para derrotar os republicanos, o ênfase da sua campanha é nestes dois eixos alicerçados com a palavra experiência, que Hillary não atribui a Obama e a Edwards.
A sua frase mais apelativa: «não queremos eleger um presidente, queremos mudar um país» é fraca. Uma conclusão fácil: se Bill Clinton fosse candidato, mesmo com o pecado do vestido azul, trucidava os adversários.

Nota final – Mudança, esperança e luta contra o “status quo” marcam esta primária. Vamos ver como é o resto do país, mas reina ainda a confusão do lado dos republicanos, ao contrário do que estes resultados mostram.
Mas nunca me esqueço de uma das maiores surpresas das primárias. Jimmy Carter, quando ganhou em 1976, apenas dizia: «não sou advogado e não sou de Washington”.
Portanto, o filme do homem novo, não é novo.

Iowa 1

Mudança é a palavra que comanda os resultados neste minúsculo estado americano.
À direita, Huckabee ganha estatuto de “front-runner”, ele que passou os últimos dias no Iowa com o “ranger do Texas”, Chuck Norris. E o grande derrotado, que vê milhões por um canudo e as aspirações a desvanecerem-se é Mitt Romney (nota:Vasco Pulido Valente dizia que ele seria o próximo presidente dos EUA, não esquecer, mas nunca me pareceu, porque entre republicanos tem elevados índices de rejeição por ser mórmon).
Não nos devemos surpreender com resultado de Giuliani, simplesmente porque ele foi o que menos investiu nestas primárias. A sua estratégia aponta para a super-terça-feira em Fevereiro.
Nos Democratas, a única hipótese de alguma emoção era a vitória de Obama. O que aconteceu. Tudo muito próximo, mas a média nacional dá dois para um de vantagem a Hillary.
Para quem viu em directo o processo de votação, como eu, a única coisa que se pode dizer é que foram várias as gargalhadas. Aquilo é a prova de que aquela democracia tem de mudar bastante. A América parou no tempo nestes “caucus”.

Descubra as diferenças



Barak Obama, candidato democrata, ontem no discurso da vitória em Iowa.



Morpheus, The Matrix Reloaded, no discurso em Zion a motivar população para o combate.

Elementar, meu caro Watson

Sir Arthur Conan Doyle descreveria a situação recorrendo a uma das frases do célebre investigador Sherlock Holmes: "Elementar, meu caro Watson".

Francisco Penim abandonará a SIC e o Grupo Impresa. Era o que devia ter acontecido logo no primeiro momento, quando largou o comando da SIC e foi anunciado que seria o director coordenador de conteúdos da Impresa Digital. Poupava-se o segundo momento de comunicação negativa para o ex-comandante.

Penim nunca foi o super-homem que um dia Clara de Sousa lhe chamou em capa cor-de-rosa, mas vale mais do que a sua actual cotação de mercado. A TVI que esteja atenta. Eu, se decidisse, ia buscá-lo, até para explorar o conhecimento e o sucesso que experimentou quando liderou os temáticos de Carnaxide (além dos não divulgáveis segredos da concorrência, que não são transferíveis...segundo me dizem...pois...pois). Até porque a TVI vai finalmente, em 2008, lançar-se nos canais temáticos por cabo.

Se a estação de Queluz não aproveitar, ou sentir anti-corpos a Penim, cá estará o próximo player - Joaquim Oliveira ou Paulo Fernandes - para o aproveitar.

Blogografia: De comandante a capitão na dança das cadeiras