quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Cerimónia Perfeita?

Por Bernardo Alegra*

Na passada sexta-feira o mundo assistiu boquiaberto a uma das mais fantásticas cerimónias de abertura de Jogos Olímpicos, que resultou num espectáculo televisivo de inegável beleza.
Os chineses, carentes da aprovação mundial e da afirmação em directo do seu actual poderio, apresentaram um espectáculo de cor, fantasia e tecnologia, genialmente dirigido por um mestre do cinema, o ex-proscrito Zhang Yimou, autor de filmes de uma beleza única como Hero.

Foi igualmente uma oportunidade bem aproveitada de reconciliar o povo chinês com a sua história milenar depois do ostracismo a que foi vetada pelo regime chinês.

O mundo dificilmente esquecerá a sequência inicial com os 2008 tambores de bronze (tambores Fu), o fogo de artificio sobre o estádio, os bailarinos no globo a representar o planeta terra ou a original corrida na cobertura do Ninho de Pássaro para acender a tocha olímpica.

Mais uma vez fica provado que com imaginação e criatividade tudo é possível. E que nada disto seria possível sem anos de planeamento, ensaios, disciplina e claro talento.
Mas não há bela sem senão. Esta semana já saem notícias, curiosamente veiculadas pelos próprios, que o fogo de artifício em Pequim afinal era uma imagem em computador que demorou 13 meses a criar e que a jovem cantora cantou em playback porque a cantora original tinha os dentes tortos e a organização queria passar uma imagem de perfeição.

Pensam com certeza os organizadores que a perfeição das partes faz a perfeição do todo. Mas os espectadores preferem um espectáculo real e há pormenores sem importância que se perdem na beleza do todo. Sem a encenação computorizada do fogo e o truque à Milli Vanilli o espectáculo não perdia nada. Agora perdeu.

* Director, YoungAd

Colunista convidado

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