segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Cortar a direito

As colunas de Altos e Baixos, Para Cima e Para Baixo, Positivo e Negativo, Mais e Menos da semana são sempre espaços de grande leitura.

Das primeiras páginas que procuro no Expresso, quando o abro, é precisamente as que contêm essa coluna, no caderno principal, e depois no de economia. Esta semana, depois de ler a notícia do filho de Jardim (ver post abaixo), saltei para a página seis e fiquei boquiaberto.

Sabemos que para figurar nessa galeria de notáveis, basta por alguma razão, brilhar nessa semana, mesmo que nas outras 51 se cumpram um chorrilho de equívocos. É assim que a coisa funciona, e daí não advém nenhum espanto.

Mas a página seis do Expresso quebrou barreiras. Colocou Mário Lino em alta pela conclusão de 4,3 km de estrada no Eixo Norte-Sul (pelos quais lhe agradeço, já que passarei lá muita vez), o que combina com o que escrevi acima. O desvario vem no remate do texto: "Se for também ele a concluir a CRIL, arrisca-se a ficar na história como o Duarte Pacheco dos tempos modernos".

O quê? Podem repetir? Duarte Pacheco, o célebre ministro das obras públicas e presidente da Câmara de Lisboa, que revolucionou o sistema rodovário nacional? Bem sei que estava submetido ao Governo salazarista (apesar das constrições que isso também lhe provocava) e que a expressão popular "cortar a direito" não só tem assinatura sua como esconde a forma abusiva como se fizeram as expropriações na altura. Mas a obra foi extensa (auto-estradas, aeroporto, Monsanto, Alvalade, IST, telecomunicações, correios, etc.) e ímpar na sociedade da altura (pela inovação e pela dimensão).

Comparar os 4,3 km de estrada de Mário Lino com a obra de Duarte Pacheco é dislate puro.

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